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A quarta-feira foi marcada por muito vento do quadrante Sul entre a madrugada e a manhã por conta de um ciclone extratropical na costa, o que levou a enorme elevação do Guaíba com a maior cheia desde 1941. Hoje, mais um dia muito ventoso, entretanto, diferentemente de ontem, do quadrante Leste.

Fortes a por vezes intensas rajadas de vento atingem Porto Alegre e muitas outras cidades do Rio Grande do Sul. Nada de ciclone ou temporal. As rajadas em Porto Alegre, por exemplo, ocorrem com sol e nuvens esparsas na cidade. As rajadas à tarde atingiam entre 60 km/h e 70 km/h por medições meteorológicas realizadas em diversos pontos da capital.

A razão para o vento é um enorme gradiente (diferença) de temperatura e pressão entre o mar e o continente. Trata-se de uma situação bastante comum de se observar no final do inverno e na primavera, que vai se repetir muitas vezes no decorrer das próximas semanas.

O vento moderado a forte do quadrante Leste ocorre quando há ar mais frio e de alta pressão no mar e ar mais quente se instala no continente com áreas de baixa pressão que costumam atuar no Norte da Argentina e no Paraguai.

Hoje, por exemplo, o Rio Grande do Sul estava entre dois centros de baixa pressão e um de alta pressão. O primeiro centro de baixa pressão estava no Oeste da Argentina e o segundo sobre o Atlântico (o ciclone formado ontem). O tempo firme no estado era garantido pela crista de um centro de alta pressão no Atlântico Sul.

Com efeito, estabelece-se um contraste de temperatura e pressão entre o Oceano Atlântico e o continente. Sobre o mar, ar mais frio e de maior pressão atmosférica. Sobre o continente, ar mais quente e de menor pressão atmosférica.

Sabe-se que a temperatura se eleva durante o dia mais rapidamente sobre terra do que sobre água. E que à noite ocorre o contrário com resfriamento maior sobre terra do que sobre água. À medida que a temperatura se eleva com o sol durante o dia, a diferença de temperatura entre o mar e o continente aumenta.

Áreas sobre terra ficam com temperatura muito maior que sobre o oceano. Na sequência, o ar de menor temperatura (mais denso) começa a se deslocar para o ambiente em que a o ar está mais quente (e mais leve).

Esse deslocamento de ar, do mar para terra, traz o vento. Por isso, o vento sopra do quadrante Leste. No litoral gaúcho é o que traz o “Nordestão”. É vento que vem do mar para terra, o que os surfistas denominam de vento maral.

À noite, com tempo seco e aberto, o resfriamento é muito mais acentuado sobre terra. O ar no continente passa a ser mais denso que sobre o mar, então às vezes se opera o movimento contrário e áreas costeiras e do oceano passam a receber o vento vindo de Oeste, o terral.

A tendência é ainda de rajadas esporádicas do quadrante Leste na noite desta quinta, mas diminuindo. Amanhã, o vento não sopra tão forte como hoje em Porto Alegre, mas no Litoral Norte e na Lagoa dos Patos devem ser esperadas rajadas fortes de Nordeste, o conhecido Nordestão.