Destacamos ontem aqui na página o atípico e nada convencional evento de El Niño que se instala no Pacífico. Explicamos como o cenário atmosférico é muito complexo e que está gerando dificuldades de previsão de longo prazo para meteorologistas em todo o mundo. Profissionais da Europa e dos Estados Unidos têm visões muito diferentes de como se comportará o inverno no Hemisfério Norte. O mesmo pode ser dito quanto ao nosso verão.

Dependendo de como avançar o El Niño nos próximos meses, se evoluir pra uma forma clássica ou manter o padrão atípico atual chamado de Modoki, o nosso verão será mais chuvoso ou seco. Assim como em muitas áreas do Hemisfério Norte o inverno terá mais ou menos neve e frio. Desenha-se, assim, a previsão para o verão de maior dificuldade e complexidade em muitos anos.

Para ilustrar essa dificuldade, a mais utilizada ferramenta pelos meteorologistas para previsão de meses são os modelos. Nada mais que simulações feitas por computador de condições atmosféricas e oceânicas em longo prazo. No caso do Rio Grande do Sul, a grande maioria indica um verão de chuva acima da média, mas recentes saídas de alguns modelos passaram a indicar períodos de precipitação abaixo da média.

Previsão multimodelo para o trimestre dezembro a fevereiro indica chuva acima da média no Rio Grande do Sul

Outra técnica é a analogia histórica. O mapa abaixo mostra como foi o período de dezembro a fevereiro em anos que tiveram condições do Pacífico muito parecidas com as observadas neste ano entre agosto e outubro.

Projeção com base na analogia indica chuva abaixo da média no trimestre dezembro a fevereiro no Rio Grande do Sul

O resultado discrepa dos modelos de clima ao sinalizar uma tendência mais seca e de chuva abaixo da média. Neste momento, acreditamos que o verão no Rio Grande do Sul terá uma maior variabilidade regional da chuva com irregularidade na precipitação e algumas áreas sofrendo com períodos de déficit hídrico. (Com foto de capa de Alexandro Amaro)