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A anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central, a região chamada de Niño 3.4, está pela quinta semana seguida em patamar de El Niño. Segundo o boletim semanal divulgado ontem pelo órgão de clima dos Estados Unidos, a NOAA, a anomalia foi de +1,2ºC, logo no patamar de El Niño moderado.

Mapa de anomalia de temperatura da superfície do mar neste começo de novembro mostra o aquecimento concentrado na parte central do Pacífico Equatorial

O evento do fenômeno que se crê seja declarado neste mês de novembro, contudo, foge muito do convencional e seus efeitos podem não ser o que tradicionalmente são esperados.

Por quê?

O El Niño que começa a se instalar tem o seu maior aquecimento no Pacífico Central. No Pacífico Leste, a anomalia é de apenas +0,3ºC. Eventos do fenômeno e que são responsáveis por provocar chuva excessiva no Rio Grande do Sul são os clássicos, em que o aquecimento maior se dá no Pacífico Centro-Leste. Já esse, em que no estágio inicial tem as águas mais quentes no Pacífico Central, é descrito na literatura como El Niño Modoki.

Pedrão de chuva com El Niño clássico

Padrão de chuva com El Niño Modoki

E os dados históricos mostram que sob essa forma do fenômeno a chuva pode ser irregular aqui no Rio Grande do Sul, inclusive com déficits de precipitação em maior ou menor número de regiões.

Não se pode descartar que o Leste do Pacífico Equatorial aqueça nas próximas semanas, aproximando o El Niño da sua forma clássica ou canônica, contudo se permanecer o perfil atual Modoki algumas áreas podem se ressentir de chuva abaixo da média durante a safra de verão.

Outra característica que difere o El Niño atualmente em formação dos padrões históricos é ser muito tardio. Normalmente, o fenômeno está instalado já no inverno e esse se desenvolve no último trimestre do ano.

E para se somar à complexidade do cenário, apesar das condições oceânicas serem de El Niño, indicador atmosférico usado pra monitorar o Pacífico chamado de Índice de Oscilação do Sul (gráfico acima) tem média positiva nos últimos 30 dias e valores positivos do IOS acompanham La Niña e não El Niño. Nenhum El Niño é igual ao outro, mas o que ora se instala difere e muito do convencional.