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Chamas consomem uma casa durante um incêndio em Santa Juana, província de Concepción, no dia 3 de fevereiro. O Chile declarou estado de calamidade em várias regiões do Centro-Sul do país em meio a uma onda de calor devastadora que provocou incêndios florestais massivos. | JAVIER TORRES/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O Chile enfrenta uma onda devastadora e assustadora de incêndios em vegetação. De acordo com dados divulgados pelo governo chileno no final da sexta-feira, o país sofre com 204 incêndios florestais, sendo 56 controlados e 148 ainda sendo combatidos. O alerta vermelho foi mantido nas regiões de Ñuble, Biobío e La Araucanía, e para as comunas de Longaví, Cauquenes, Chanco e Curepto, na região de Maule.

“Enviamos mais de 70 mensagens do Sistema de Alerta de Emergência (SAE) para celulares, e neste momento é muito importante reforçar a mensagem do SAE enviada à cidade de Purén, para um processo de evacuação em massa”, afirmou um porta-voz do governo.

A queda de um helicóptero que combatia incêndios florestais em La Araucanía deixou dois mortos. O governo lamentou e ofereceu condolências “às diferentes famílias que sofreram a perda de seus entes queridos. Há 13 mortes confirmadas: 11 pessoas na comuna de Santa Juana, além de um piloto de nacionalidade boliviana e um mecânico de nacionalidade chilena que estavam no helicóptero encarregado de combater o incêndio que caiu.

Até agora, 22 pessoas sofreram queimaduras, sendo oito com gravidade. Todos os feridos estão em diferentes unidades de saúde. O balanço indicou ainda que 95 residências foram destruídas pelo fogo e outras tiveram danos menores. O número deve aumentar porque algumas áreas estão inacessíveis. A maioria das casas afetadas está localizada em Biobío e nas regiões vizinhas de Ñuble.

Quase 800 pessoas estão em abrigos, 205 na região de Ñuble e 566 na região de Biobío. Existem 12 abrigos na região de Maule, 12 em Ñuble, 16 em Biobío e 13 em La Araucanía. Por fim, a autoridade pediu “à população que nestas condições de temperaturas altas e extremas siga as indicações e recomendações de emergência”.

O governo chileno declarou estado de calamidade depois que uma onda de calor devastadora e fortes ventos provocaram os grandes incêndios florestais. A declaração permite a coordenação com os militares e a suspensão dos direitos constitucionais.

Mais de 2.300 bombeiros e 75 aeronaves foram mobilizados para combater os incêndios. O presidente Gabriel Boric suspendeu suas férias para visitar as áreas sob fogo e afirmou que há evidências de que alguns dos incêndios foram iniciados por queimadas não autorizadas.

Morador, desolado, observa o que restou da sua casa destruída pelos devastadores incêndios florestais na cidade de Santa Juana, na província de Concepción | JAVIER TORRES/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Imagem aérea feita com drone mostra a extensão dos danos na cidade de Santa Juana, na província de Concepción, onde dezenas de casas arderam e foram destruídas pelos incêndios florestais | JAVIER TORRES/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Com temperaturas extremamente elevadas, baixa umidade do ar e ventos fortes persistindo nas áreas mais afetadas, a ministra do Interior, Carolina Toha, alertou que as condições nos próximos dias serão de risco, dificultando o controle dos incêndios.

A temperatura extremamente alta contribui para piorar a situação. O Chile teve na sexta-feira o terceiro dia mais quente já registrado no país desde o começo das medições. Chillan, onde fez 41,6ºC, e Concepción, com máxima de 34,4ºC, tiveram recordes absolutos de temperatura máxima. Estações particulares acusaram 42,3ºC em Las Viñas, 41,8ºC em Navidad e 41,8ºC em Bulnes.

A situação, que está longe de ser controlada, traz à memória a catástrofe vivenciada nessa região no começo de 2017. Na época, um megaincêndio florestal deixou 11 mortos, cerca 6.000 atingidos, mais de 1.500 casas destruídas e 467.000 hectares afetados. O Chile enfrenta uma mega seca que dura mais de uma década e levou ao desaparecimento de alguns reservatórios de água do país.

Impressionante imagem de satélite dos incêndios fora de controle no Chile | CIRA/CSU

Assim como naquele ano, os focos de incêndio começaram em áreas de cultivo e em bosques, e avançaram até ameaçar e afetar áreas povoadas. O tráfego por uma das rodovias principais que leva à cidade de Concepción (510 quilômetros ao Sul de Santiago) teve que ser restringido desde ontem pela proximidade das chamas.

Um dos epicentros da tragédia é a localidade de Santa Juana, 52 quilômetros ao Sul de Concepción. De acordo com um morador, entrevistado pela rádio Cooperativa, o fogo começou a ameaçar as casas por volta das 7h da manhã. Ao meio-dia, as chamas já tinham praticamente envolvido a propriedade, apesar dos esforços de seu dono para impedi-lo. “Apenas peço que Deus tenha misericórdia. Só isso. O que passei está nas mãos de Deus”, garantiu.

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