Uma brutal e incomum massa de ar frio vinda do Ártico vai atingir os Estados Unidos nesta semana com temperaturas e valores de sensação térmica congelantes e perigosos em muitas áreas. O que mais promete chamar a atenção é a neve que deve atingir áreas muito ao Sul do país em que não é comum nevar, como o costa do Golfo do México e o estado da Florida, onde alguns locais podem ter a maior neve em 130 anos.

METSUL
A impressionante massa de ar frio começa a avançar pelos Estados Unidos hoje com o ar gelado tomando conta de quase todo o país de costa a costa, com mais de 300 milhões de pessoas devendo ser impactadas por frio extremo, neve e tempestades de gelo.
Embora não se espere que quebre muitos recordes de mínimas, as temperaturas durante esta onda de frio estarão entre 8°C e 17°C abaixo da média em uma vasta área. Algumas áreas do território norte-americano podem enfrentar tardes recordes de frio.
Junto com o frio, uma tempestade de neve está prevista para parte da costa Leste e o Nordeste dos Estados Unidos neste domingo. Sensações térmicas abaixo de zero são previstas para atingir as Planícies do Sul na noite de hoje, permanecendo até quarta-feira, segundo o Serviço Nacional de Meteorologia (NWS). O tempo perigosamente frio provavelmente persistirá ao longo da Costa do Golfo e do Sudeste dos Estados Unidos durante grande parte da semana.
O Serviço Nacional de Meteorologia em Pittsburgh alertou que “períodos de sensação térmica perigosamente baixa, de até -31°C, podem causar congelamento na pele exposta em apenas 30 minutos.
Em Cleveland, o serviço meteorológico advertiu que “a longa duração deste frio pode levar a maiores impactos na infraestrutura, incluindo maior risco de canos congelados, baterias de carros descarregadas e incêndios em estruturas.
As pessoas ao longo da Costa Leste terão que lidar com neve, além do frio. Segundo o Serviço Nacional de Meteorologia, espera-se que a neve comece pela Virgínia e na península DelMarVa, avançando para o Norte ao longo do corredor da rodovia I-95 durante o dia, chegando ao Sul da Nova Inglaterra nesta noite.
“O trecho de maior intensidade de neve é esperado entre a área metropolitana de Washington, D.C., e a cidade de Boston, com possibilidade de 8 a 15 centímetros de neve acumulada”, informou o serviço meteorológico norte-americano.
Cerca de 300 milhões de pessoas afetadas pelo frio nos Estados Unidos
Quase 300 milhões de americanos devem sentir os efeitos desta onda ártica, que trará neve e condições de congelamento para muitas regiões norte-americanas. O Serviço Nacional de Meteorologia alertou para nevascas ao redor dos Grandes Lagos e sensações térmicas perigosamente baixas em grande parte dos Estados Unidos.
A onda de frio extremo se segue a tempestades de inverno anteriores que deixaram grandes quantidades de neve e gelo pelo país. O vórtice polar que agora desce sobre os Estados Unidos deve impactar vastas áreas com temperaturas perigosamente baixas e condições de viagem de alto risco.

NWS
Em Illinois, especialmente em Chicago, as sensações térmicas ficarão entre -26°C e -31°C, com mínimas de -20ºC. As temperaturas máximas em Chicago devem permanecer em torno de -12°C, e há possibilidade de neve por efeito do lago na região. Indiana também terá alguma neve. Em Indianápolis, o frio intenso será a principal preocupação com marcas de -12°C.
A onda de frio extremo atingirá mais de 30 estados com a enorme abrangência da invasão de ar ártico, o que colocará praticamente todos os estados norte-americanos a Leste das Montanhas Rochosas em uma profunda onda de frio.
O episódio será causado por um vórtice polar, uma área de ventos fortes que circunda o Ártico e geralmente mantém o ar mais frio preso próximo ao Polo Norte. Neste fim de semana e no início da próxima semana, uma parte do vórtice polar descerá para os Estados Unidos, trazendo consigo temperaturas brutalmente baixas.
Neve potencialmente histórica e incrível na costa do Golfo e na Flórida
O que mais promete chamar a atenção neste episódio de frio extremo será a neve que vai cair numa extensa faixa do Sul do país, onde não é comum nevar. Pode cair neve, e com grandes acumulações, numa extensa faixa da costa do Golfo do México do Texas até o Norte e talvez o Centro da Flórida. Em algumas áreas da Flórida, pode ser a maior neve desde o episódio de 1977 que trouxe neve para Miami.
Os preparativos estão em andamento de Houston a Atlanta, enquanto uma rara tempestade de inverno se aproxima do Sul dos Estados Unidos. O evento deve trazer uma mistura de neve pesada, chuva congelante e granizo, com grande potencial de impacto no transporte.
A neve pode ser significativa em grandes cidades e metrópoles que raramente enfrentam condições de tempestade de neve pelo clima mais quente. Apesar de ainda haver incertezas na previsão, os modelos meteorológicos indicam que grandes cidades, desde o Texas até o Panhandle da Flórida e as Carolinas, podem registrar vários centímetros de acumulação.
Os meteorologistas locais explicaram que a massa de ar ártico estará presente antes da tempestade de inverno, trazendo temperaturas geladas para a região antes que os eventos comecem na segunda-feira. O diferencial deste sistema é que, além do ar ártico estar presente, ele não estará posicionado suficientemente ao Sul para empurrar toda a umidade para longe.

NWS
Uma perturbação em altos níveis da atmosfera sairá das Planícies Centrais em direção à Costa do Golfo, permitindo a formação de uma área de baixa pressão sobre o Golfo do México. Quando isso ocorrer, a umidade será puxada para o Norte e encontrará o ar frio, criando problemas significativos.
Com isso, há chance de a neve acumular entre 2,5 e 7,5 cm de neve em quase todos os estados da Costa do Golfo, com partes do Leste do Texas, Centro da Louisiana e Oeste do Mississippi, com alguns pontos acumulando até entre 13 e 20 cm. O Panhandle da Flórida e partes do Sul da Geórgia podem enfrentar um cenário mais complicado com risco de precipitação de gelo e chuva congelante.
Grandes cidades como Houston, Nova Orleans, Montgomery no Alabama e Atlanta estão incluídas nos alertas de neve e gelo, que entrarão em vigor a partir de segunda-feira. Impactos significativos são esperados, incluindo quedas de energia e atrasos nas viagens em estradas e aeroportos da região.
O evento é potencialmente tão extraordinário que essa pode ser a maior tempestade de neve em lugares como Nova Orleans e Baton Rouge desde 1895. A maioria das cidades não possui equipamentos para remoção de neve, o que pode causar enormes problemas. A neve pode paralisar a rodovia I-10, a principal dos Estados Unidos, entre o Texas e a Flórida.
Apesar de suas latitudes ao Sul e com clima mais quente, as cidades ao longo da Costa do Golfo não estão imunes ao clima de inverno. Embora a neve seja rara, quando as condições necessárias se alinham, cidades como Houston, Nova Orleans, Jacksonville e Savannah podem experimentar precipitação congelada, frequentemente na forma de chuva congelada (sleet) e chuva congelante, em vez de neve.
Esses eventos acontecem apenas algumas vezes por geração, pois geralmente exigem condições únicas – um grande sistema de alta pressão polar centrado sobre as Planícies, combinado com uma área de baixa pressão no Golfo do México.
A última vez que nevou com acumulação mensurável em Mobile (Alabama) foi em dezembro de 2017; em Pensacola (Flórida) em janeiro de 2014; em Talllahassee (Flórida) em janeiro de 2018; em Jacksonville (Flórida) em dezembro de 1989; em Charleston (Carolina do Sul) em janeiro 2018; em Houston (Texas) em fevereiro de 2021; em Lake Charles (Lousiana) em dezembro de 2017; e em Nova Orleans (Louisiana) em dezembro de 2009. Em Nova Orleans, a última vez que a neve somou mais de uma polegada (2,54 cm) foi em 1963.
Frio extremo afeta a posse de Trump
A cerimônia de posse de Donald Trump será transferida para um local fechado devido ao tempo perigosamente frio previsto para segunda-feira em Washington. As temperaturas não devem ultrapassar os -6°C, e, considerando os ventos fortes, a sensação térmica será próxima a -12°C.
A posse de Trump promete ser a mais fria desde a de Ronald Reagan em 1985, quando o juramento também foi transferido para dentro devido ao frio extremo. Será ainda mais gelado do que na posse de Barack Obama em 2009, quando a temperatura máxima foi de -1°C, a mínima de -7°C, e os ventos deixaram a sensação térmica na casa dos -10°C.
“Há uma onda de frio ártico varrendo o país,” escreveu Trump no Truth Social na sexta-feira à tarde. “Não quero ver ninguém ferido ou machucado de qualquer forma. As condições são perigosas para as dezenas de milhares de agentes de segurança, socorristas, policiais, cães de patrulha e até cavalos, além das centenas de milhares de apoiadores que estarão ao ar livre por muitas horas no dia 20. (De qualquer forma, se você decidir comparecer, vista-se de forma bem aquecida!)”, escreveu o presidente eleito.
Trump informou que o discurso inaugural, as orações e outras falas serão realizadas na Rotunda do Capitólio, assim como ocorreu na posse de 1985 de Reagan. As condições de inverno prometem ser severas com o solo possivelmente coberto por neve fresca de uma tempestade neste domingo, que poderá ser levada por fortes rajadas de vento e sensações congelantes.
Na manhã de segunda, as temperaturas ficarão entre -9°C e -7°C, subindo lentamente para cerca de -5°C ao meio-dia, horário local da cerimônia de juramento. Os ventos terão velocidade sustentada de 16 a 32 km/h, com rajadas entre 32 e 56 km/h, fazendo a sensação térmica parecer cerca de 10 graus mais fria do que a temperatura real. Se uma rajada superar os 45 km/h (registrada durante a posse de Joe Biden), será o vento mais forte em uma posse desde os 56 km/h medidos na cerimônia de Reagan em 1985.
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