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A cidade de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, foi atingida por um evento de chuva extrema no final da tarde da quinta-feira (28). Alagamentos tomaram conta de quase todos os bairros da cidade. A água invadiu comércios e residências. Ruas pareciam rios e em alguns pontos a água alcançou um metro. Carros foram arrastados e quase submersos na correnteza.

Os volumes de chuva foram extraordinariamente altos. As três estações meteorológicas que operam em Santa Cruz do Sul registraram acumulados semelhantes e todos foram excepcionalmente elevados. A estação do jornal Gazeta do Sul registrou 110 mm. Já no Country, o acumulado chegou a 124 mm. E, por sua vez, na universidade a estação da Unisc apontou 112 mm. Todos estes volumes foram registrados em cerca de uma hora, ou seja, Santa Cruz do Sul teve chuva de um mês em uma hora com taxas de precipitação instantâneas extraordinárias.

Como pode chover tanto assim em tão curto período? Primeiro, o episódio de chuva com acumulados extremos foi um evento local e não generalizado. O município vizinho de Vera Cruz igualmente registrou volumes altíssimos, acima de 100 mm em uma hora, mas esta não foi a realidade em todo o Vale do Rio Pardo. Na cidade de Rio Pardo, próxima de Santa Cruz do Sul, a estação do Instituto Nacional de Meteorologia registrou cerca de 40 mm em pouco mais de uma hora, muito menos que o observado em Santa Cruz, mas ainda assim um volume muito alto.

Este não é o tipo de evento que costuma se dar no inverno e é mais comum de se verificar no verão sob a presença de ar quente e úmido de origem tropical. Era exatamente o que se via no final da tarde da quinta-feira no Rio Grande do Sul.

De Desde o começo da semana, o Estado está sob a influência de ar quente e úmido que favorece muita chuva e volumes isolados excessivos em curto período. O canal primário de umidade da América do Sul está voltado para o Sul do Brasil, o que faz com que o rio voador de umidade da Amazônia venha até a parte meridional do Brasil.

O ar quente e úmido formou fortes áreas de instabilidade entre o Centro e o Noroeste do Rio Grande do Sul ainda no começo da tarde da quinta-feira com muita chuva em alguns pontos. Houve localidades do Noroeste gaúcho com mais de 100 mm e em Santa Maria choveu 80 mm apenas durante a tarde.

Estas áreas de instabilidade com nuvens de maior desenvolvimento vertical se deslocaram até o Vale do Rio Pardo e, com a temperatura mais alta na região, se intensificaram, despejando volumes enormes localizados de chuva.

Imagem do satélite GOES-16 das 21Z (18h local) do canal infravermelho no momento do temporal em Santa Cruz do Sul

O evento de chuva extrema em Santa Cruz do Sul não foi nenhuma surpresa. Desde o começo da semana a MetSul vem alertando dia após dia sobre condições atmosféricas ao registro de muita chuva com eventos localizados de chuva muito excessiva com marcas de 50 mm a 100 mm em apenas uma hora.

Estas condições persistem hoje e durante os próximos dias, assim novos episódios de chuva muito a intensa com enormes volumes em curto período, da ordem de 50 mm a 100 mm em apenas uma hora em pontos isolados, devem ser esperados em outros pontos da geografia gaúcha e também dos estados de Santa Catarina e do Paraná.