A brutal onda de calor que assola o Rio Grande do Sul e que neste sábado (22) trouxe o 11º dia seguido com máxima acima de 40ºC é uma grande produtora de marcas históricas e recordes desde o seu começo. Balanço da MetSul aponta que várias estações já atingiram recordes e valores raros de temperatura máxima desde o começo da canícula no dia 12.

Porto Alegre, que possui dados desde 1910, anotou no último domingo (16) uma máxima de 40,3ºC. Foi a quarta maior máxima oficial na cidade em 112 anos de observações e apenas a terceira vez no último meio século, desde que os registros passaram a ser feitos no Jardim Botânico, em que a capital gaúcha anotou máxima acima de 40ºC. O recorde é de 40,7ºC de 1º de janeiro de 1943 e que por pouco não foi igualado em 6 de fevereiro de 2014 com 40,6ºC.

Bagé registrou no dia 13 temperatura máxima de 41,7°C, recorde absoluto desde a abertura da estação convencional em janeiro de 1912. São Luiz Gonzaga no dia 19 anotou 41,5ºC, a segunda maior máxima desde o começo dos registros em 1913. Na quinta (20), Uruguaiana bateu em 42,1ºC, segunda maior máxima desde o começo das medições em 1912, marca só superada pelos 42,2ºC de 1986 e que bateu os 42,0ºC da grande histórica onda de calor de janeiro de 1943. Foi o primeiro registro de 42ºC e a maior máxima na rede do Inmet desde 1986. Teutônia, Santiago, Rio Pardo e Quaraí, dentre outras cidades com histórico de apenas 20 anos em suas estações automáticas, anotaram as maiores máximas desde o começo das medições.

São 11 dias seguidos acima de 40ºC no estado gaúcho. As estações do Instituto Nacional de Meteorologia registraram 41,5ºC em Quaraí no dia 12; 41,7ºC (recorde) em Bagé no dia 13; 40,8ºC em Bagé no dia 14; 40,6ºC em Uruguaiana no dia 15; 41,8ºC em Uruguaiana dia 16; 40,2ºC no dia 17 em Teutônia; 41,1ºC em Santa Rosa em 18 de janeiro; 41,5ºC em São Luiz Gonzaga no dia 19; 42,1ºC em Uruguaiana no dia 20; 41,8ºC dia 21 em Uruguaiana; e 41,6ºC hoje em Uruguaiana.

Apesar de raramente nos últimos 100 anos ter se visto onda de calor tão intenso e longa, há um elemento neste episódio extremo atual que não superou ainda a onda de calor de 2010: o calor noturno. Sim, as noites têm sido quentes, mas na onda de calor de 2010 a temperatura foi mais alta durante as noites e madrugadas. Porto Alegre chegou a ter mínima alta recorde com 27,9ºC no Jardim Botânico no dia 2 de fevereiro.

As máximas na Capital, entretanto, não foram tão extremas como na onda de calor atual. Veja a comparação com base nos dados do Jardim Botânico:

Máximas em Porto Alegre na onda de calor de 2010

30/01/2010: 34,9ºC

31/01/2010: 34,9ºC

01/02/2010: 35,0ºC

02/02/2010: 36,7ºC

03/02/2010: 36,7ºC

04/02/2010: 37,8ºC

05/02/2010: 36,1ºC

06/02/2010: 35,9ºC

07/02/2010: 39,0ºC

08/02/2010: 30,1ºC

Máximas em Porto Alegre na onda de calor de 2022 

12/01/2022: 33,8ºC

14/01/2022: 37,6ºC

15/01/2022: 37,5ºC

16/01/2022: 40,3ºC

17/01/2022: 36,4ºC

18/01/2022: 27,9ºC

19/01/2022: 37,6ºC

20/01/2022: 36,5ºC

21/01/2022: 35,8ºC

22/01/2022: 39,5ºC

As noites nesta primeira metade da semana tendem a ser quentes em Porto Alegre e no interior gaúcho, mas os dados não apontam marcas que superem o calor noturno de 2010. As tardes, por sua vez, têm temperatura mais elevada que a onda de calor de 12 anos.