Outubro é mês crucial no campo brasileiro pelo plantio da safra de verão e o retorno da chuva para áreas do Brasil Central após vários meses com tempo seco e baixa umidade | CARL DE SOUZA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Outubro é um mês tipicamente de primavera com menos frio e um aumento dos dias de calor no Rio Grande do Sul ao passo que no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil marca o retorno da chuva mais frequente com temporais principalmente da tarde para a noite. O tempo severo, a propósito, é uma das características de outubro que é um dos meses mais tempestuosos do ano no Sul do país pelo encontro das massas de ar frio e quente, além da atuação de áreas de baixa pressão e sistemas convectivos de mesoescala (aglomerado de nuvens carregadas).

Em Porto Alegre, por exemplo, outubro tem precipitação média histórica (série 1961-1990) de 114,3 mm. É a quinta mais alta média mensal do calendário, atrás, pela ordem, de agosto, setembro, junho e julho. A temperatura mínima média é de 15,0ºC e máxima média histórica de 24,8ºC. Algumas madrugadas, entretanto, ainda são frias e podem apresentar mínimas perto ou abaixo dos 10ºC enquanto várias tardes costumam ser de calor e em alguns dias intenso.

O outubro de 2021 começa com o Oceano Pacífico Equatorial ainda em estado de neutralidade, mas com águas mais frias do que a média e a possibilidade de instalação de um episódio de La Niña nas próximas semanas. O resfriamento do Pacífico deve impactar o clima mais ao Sul do Brasil no mês com uma diminuição da chuva principalmente em pontos mais meridionais do Rio Grande do Sul, Uruguai e o Centro da Argentina. Por outro lado, espera-se um significativo aumento da chuva no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil, além de áreas mais ao Norte da Região Sul do país.

O modelo de clima norte-americano CFS, disponível ao assinante na plataforma de mapas, projeta chuva acima a muito acima da média para muitas áreas das regiões Centro-Oeste e Sudeste neste mês que começa, entretanto sinaliza chuva muito abaixo da média no Rio Grande do Sul.

O entendimento da MetSul é que a projeção do modelo está correta em linhas gerais com um expressivo aumento da chuva no Brasil Central e redução mais ao Sul, porém entendemos que as áreas de chuva acima da média no Centro-Oeste e no Sudeste não devem ser tão generalizadas quanto sugeridas pela simulação.

A nossa previsão é que algumas áreas de Mato Grosso, Goiás e parte de Minas Gerais, em especial, podem ter chuva acima a muito acima da média. Isso, na prática, deverá significar mais água na região do Alto Paranaíba, beneficiando a bacia do Rio Paraná que responde por metade da geração hidrelétrica do Brasil.

Tampouco cremos que o mês será tão seco no Rio Grande do Sul quanto indicado pelo modelo CFS. A Metade Norte gaúcha terá precipitação mais volumosa que a Metade Sul em outubro e os volumes em muitas cidades não devem fugir muito da média histórica, inclusive com registros acima da média em alguns municípios.

Notável no Sul do Brasil neste outubro será a chuva muito acima da média no Paraná, onde muitas cidades deve atingir ou superar a média histórica de precipitação do mês inteiro já agora nos primeiros dias de outubro, o que trará um relevante alívio para a estiagem e contribuirá para um importante aumento dos reservatórios paranaenses do submercado Sul do sistema elétrico.

Diferentemente de anos de El Niño em que a chuva é muito frequente e a maioria dos dias de outubro acaba sendo tendo precipitação, não se espera que neste ano o mês registre elevado número de dias de precipitação na maioria dos municípios do Sul do Brasil.

Haverá sequências de dias de tempo firme. Com isso, o plantio da safra de verão poderá avançar e não são antecipados grandes atrasos. Partes do Centro-Oeste e do Paraná é que podem sofrer algum atraso em razão das precipitações.

O modelo de clima CFS indica que outubro deve ter temperatura perto ou pouco acima da média na maior parte do Brasil Central enquanto que a maioria das cidades do Sul do país teria temperatura perto ou abaixo da média. A projeção está em linha com o pensamento da MetSul de que seguirá a temperatura acima da média na maioria das áreas do Centro-Oeste e do Sudeste ao mesmo tempo que mais ao Sul do país o mês será menos quente que o habitual.

Aliás, uma massa de ar frio atua na primeira semana de outubro no Sul do Brasil e vai trazer madrugadas mais frias do que o normal para esta época do ano, inclusive com possibilidade de formação de geada em alguns municípios. A queda da temperatura deve se fazer sentir ainda no Leste de São Paulo e no Rio de Janeiro.

O calor será muito pouco frequente, a propósito, neste mês mais ao Sul do Brasil, prevendo-se um predomínio de dias agradáveis. Cidades mais ao Oeste e Noroeste do Rio Grande do Sul, e do Oeste de Santa Catarina e do Paraná, é que podem ter número maior de tardes quentes e mesmo assim com frequência e intensidade abaixo do que se costuma registrar em outubro.