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PABLO PORCIUNCULA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Chuva excessiva registrada no Rio de Janeiro nas últimas 48 horas deflagrou múltiplos transtornos com sete mortos. O quadro mais grave é em Petrópolis onde o volume de chuva até foi extraordinário no intervalo de poucas horas. A região serrana do Rio de Janeiro registrou os maiores volumes  de chuva do Sudeste. Ao mesmo tempo nas últimas 24 horas choveu muito forte no Sul do Espírito Santo com acumulados que em alguns somam o dobro da média do mês inteiro de março.

Nesse contexto, a média mensal de precipitação da região serrana do Rio de Janeiro para o mês de março, que ainda compõe o período chuvoso da região segundo rede oficial do Instituto Nacional de Meteorologia, INMET, é de 216 mm. Isso para o período de 31 dias.

O fato é que os dados dos pluviômetros do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, CEMADEN, registraram volumes excepcionais em Petrópolis com 336 mm em 48 horas no Chácara Flora, 325 mm no Morin, com 319 mm no Independência 2, 304 mm no LNCC´e 302 mm em São Sebastião. Portanto, em parte da cidade já choveu o correspondente a 155% da média do mês inteiro em apenas 48 horas.

Em Teresópolis também choveu bastante nas últimas 48 horas segundo o CEMADEN o acumulado já som 257 mm o que corresponde 118% da média mensal de chuva de março. Em Campo dos Goytacazes choveu 245 mm em Magé o maior acumulado do município foi de 245 mm até agora.

De acordo com informações da Agência Brasil os bombeiros resgataram cinco pessoas com vida no desabamento de uma edificação residencial no bairro Independência, mas quatro óbitos foram confirmados.

Em Arraial do Cabo, um homem morreu depois de ser atingido por um raio no Pontal do Atalaia. Em Santa Cruz da Serra, Duque de Caxias, um homem se afogou depois que o caminhão que dirigia caiu num rio.

Em Teresópolis, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro atua nas buscas por uma vítima que estaria soterrada sob os escombros de uma casa que desabou, na Comunidade da Coreia. Duas pessoas foram resgatadas com vida pelos bombeiros, mas um óbito foi confirmado.

Os bombeiros já resgataram mais de 90 pessoas com vida de ocorrências envolvendo deslizamentos, desabamentos, inundações e alagamentos provocados pelas chuvas, em todo o estado.

Os bombeiros militares foram acionados para mais de 100 ocorrências relacionadas às fortes precipitações que atingem o território fluminense.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, pediu para as pessoas não se deslocarem neste sábado (23) à noite pois há previsão de chuva forte. Ele lembrou que a população seguiu as recomendações de ficar em casa na sexta-feira o que ajudou no deslocamento das equipes dos serviços públicos pela cidade.

Desde ontem, a prefeitura do Rio tem orientado o fechamento de escolas e empresas, e dito que o cenário ideal para minimizar riscos de ocorrências graves é ter a cidade esvaziada.

No Espírito Santo os aguaceiros tem provocado vários transtornos, sobretudo no Sul do Estado que também teve volumes excepcionais de chuva nas últimas 24 horas segundo o registro do CEMADEN. Em Bom Jesus do Norte choveu 304 mm, em Mimos do Sul 231 mm, em Rio Novo do Sul choveu 154 mm em 24 horas, sendo que 135 mm ocorreram em apenas 12 horas. Em Munis Freire choveu 146 mm e em Guaçu 154 mm.

 A INSTABILIDADE SEGUIRÁ POR MUITOS DIAS

As saídas recentes dos modelos atmosféricos sustentam a manutenção da instabilidade por muitos dias ainda sobre o Sudeste do país. O período de risco de chuva forte e crítico deverá se concentrar entre hoje e amanhã. Por outro lado, a umidade, as nuvens e o períodos de chuva fraca e, por vezes, persistente irá prosseguir, sobretudo, em trechos de serra. A maioria dos modelos atmosféricos projetam a chuva perdendo força e os acumulados diários a partir de agora não deverão repetir acumulados tão altos como os das últimas 48 horas.

O modelo europeu projeta para amanhã a possibilidade de eventos de chuva moderada a forte com acumulado diário que poderá oscilar entre 50 e 100 mm, especialmente no Norte, Noroeste parte da Serra e da região dos Lagos. Na região metropolitana os acumulados previstos são menores e com menor risco.

O enfraquecimento da chuva é uma boa notícia por reduzir o risco de enchentes e inundações. Por outro lado, esse cenário meteorológico mantém o solo encharcado e com elevado risco de escorregamentos. Já na segunda-feira o modelo europeu indica acumulados baixos entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, contudo, a chuva ganha força entre o Noroeste de São Paulo  e o Triângulo Mineiro.

A sequência de gráficos abaixo mostra a projeção de chuva diária para os próximos 10 dias do modelo canadense para os municípios de Petrópolis, Juiz de Fora, Teresópolis e Itaipava. Nessa análise mais importante que a quantidade de chuva projetada é a manutenção da instabilidade de um longo período após um evento de chuva extrema como o das últimas 48 horas.