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Os furacões são conhecidos por seus ventos destrutivos, chuva extremas e marés de tempestade. O furacão Larry causou mais do que isso. Em 12 de setembro de 2021, o que antes era um ciclone tropical trouxe abundante neve na Groenlândia, exatamente quando a temporada de derretimento do verão estava chegando ao fim, o que a MetSul tinha antecipado iria ocorrer na região.

NASA

As quantidades de neve em 12 de setembro são visíveis no mapa acima, conforme dados do modelo Goddard Earth Observing System (GEOS). As quantidades de neve são mostradas como milímetros de água, e não em altura de neve acumulada, para o período de 24 horas. Cinquenta milímetros de água equivalem a cerca de 200 milímetros (2 metros) de neve, assumindo que a neve tenha uma densidade de 250 quilogramas por metro cúbico.

Como outros modelos de tempo e clima, o GEOS usa equações matemáticas que representam processos físicos (como precipitação e processos de formação das nuvens) para calcular como que a atmosfera se comportará. As medições reais das propriedades físicas, como temperatura, umidade e ventos, são rotineiramente inseridas no modelo para manter a simulação o mais próximo possível da realidade medida.

Até o início de setembro, o furacão Larry se deslocou para Noroeste pelo Oceano Atlântico, atingindo o pico de força da categoria 3 na escala de vento de Saffir-Simpson. Depois, a tempestade enfraqueceu ao recurvar para o Norte, permanecendo distante da Costa Leste dos Estado Unidos. Então, tocou terra na América do Norte como uma tempestade de categoria 1 em Newfoundland, no Leste do Canadá, em 11 de setembro.

Em seguida, Larry chegou à Groenlândia em 12 de setembro como uma tempestade pós-tropical, trazendo ventos fortes e nevascas abundantes no Sudeste e interior da ilha. Kulusuk e Tasiilaq viram rajadas de vento chegando a 145 km/h e condições de nevasca foram relatadas na Summit Station.

“Essas tempestades são muito raras”, disse Lauren Andrews, uma glaciologista do Escritório de Modelagem e Assimilação Global da NASA. “Eles geralmente se dissipam bem antes de chegar ao extremo Norte da Groenlândia. Embora tenha havido tempestades semelhantes, incluindo Noel em 2007 e Igor em 2010 ”, destacou.

Andrews também observou que é incomum ver uma taxa tão alta de queda de neve logo após o final da estação de degelo do verão, que ocorre a cada ano entre maio e início de setembro. Na verdade, a recente queda de neve do ex-furacão Larry poderia potencialmente equilibrar as perdas com o degelo durante o verão, que incluiu três eventos notáveis ​​de degelo – dois em julho e um em agosto. “É um final dramático para uma temporada de eventos extremos na camada de gelo da Groenlândia”, disse Andrews.

Assim que os dados do satélite forem totalmente processados, os cientistas serão capazes de avaliar o estado do balanço de massa de gelo da Groenlândia. Um balanço de massa positivo significa que mais neve foi ganha do que perdida em processos como derretimento e escoamento da água.

“Parece que 2021 terá um balanço de massa superficial acima da média”, disse a pesquisadora da agencia espacial norte-americana. Em se tratando de um período de aquecimento global é um fato notável que a Groenlândia termine o verão com mais gelo e neve no solo do que a média, mesmo que o motivo esteja relacionado a um evento meteorológico isolado. Ao longo das décadas, no entanto, as regiões cobertas de gelo da Terra perderam mais massa de gelo do que ganharam. Essas perdas são um dos principais fatores contribuintes para o aumento global do nível do mar. (Com informações da NASA)