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El Paso Texas DOT/Divulgação

Os Estados Unidos, nas Planícies Centrais e no Sul do país, enfrenta uma onda de frio como poucas vezes se viu nas últimas décadas. Muitas cidades tiveram as suas menores mínimas em ao menos 40 anos e algumas chegaram a ter recordes absolutos de mínima em séries históricas de mais de um século, em frio sem precedentes desde a grande onda polar de 1899. Como agora, o Texas congelou no evento de 1989.

A neve caiu ainda com força e em quantidade muito acima do habitual e em locais onde é raro nevar, como a costa do Golfo do México. Alguns locais tiveram a maior precipitação de neve em 70 anos.

A última vez que a região enfrentou frio com tamanha intensidade foi em dezembro de 1989. Se esta onda de frio de agora superou em algumas cidades a registrada em 1989, na média regional o evento de 1989 foi um pouco mais intenso com frio congelante e muita neve também.

Se o Sul e as Planícies Centrais dos Estados Unidos enfrentam o pior frio desde o inverno de 1989/1990 é interessante observar, por curiosidade, o que ocorreu no nosso inverno do ano de 1990.

E a resposta é que o inverno naquele foi extremamente rigoroso no Centro-Sul do Brasil com altíssima frequência de incursões de massas de ar polar e muitas de forte intensidade e até poderosas.

Isso fez com que houvesse uma sucessão de cinco meses de inverno climático de temperatura abaixo da média, o que é raríssimo mesmo no passado distante e algo jamais visto neste século. Maio, julho e setembro, em particular, foram muito frios.

O ano de 1990 foi ainda de muita neve. Como não se via em três décadas. O fenômeno foi registrado no Sul do Brasil em cinco meses. Todos os meses de maio a setembro daquele ano tiveram ao menos um evento de neve.

O primeiro já ocorreu em pleno outono, na segunda quinzena de maio com queda de flocos na Serra Gaúchas, Aparados e Planalto Sul Catarinense.

Na segunda quinzena de junho, uma grande ocorrência de neve na região de Urupema (SC) com até 30 cm de acumulação no Morro das Torres. Julho, contudo, seria o grande mês da neve. Entre os dias 20 e 23 de julho um significativo evento de neve no Sul do país. Chegou a nevar com acumulação em Passo Fundo e no Planalto Sul Catarinense houve locais, como o Morro da Igreja, com até 40 cm de neve. O frio foi extremo e São Joaquim chegou a ter temperatura máxima abaixo de zero.

No final de julho, mais dias de neve em um novo evento de muito frio com o fenômeno sendo registrado em sucessivos dias. Em agosto e setembro, a neve voltou a cair com menor magnitude a mais na área do Planalto Sul de Santa Catarina.

Diferentemente de 2021, que começa com La Niña, em 1990 o ano inteiro transcorreu sob neutralidade no Oceano Pacífico Equatorial com anomalias positivas de temperatura abaixo da superfície do mar no Oceanic Niño Index (ONI) insuficientes para caracterizar El Niño. Em 1989, no começo do ano, havia La Niña e forte.

A MetSul enfatiza que nenhum ano é igual ao outro e que a dinâmica atmosférica global de 2021 é distinta de 1990, mas observa que o passado sempre deve ser visto como uma referência, especialmente diante de eventos extremos que podem oferecer sinalizações para tendências futuras em análise de analogia climática.

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