Calor é algo que desperta amor e ódio. Há quem prefira o verão. Há quem odeie e faça juras de amor pelo inverno. Se a unanimidade é burra, como disse Nelson Rodrigues, a preferência em se tratando de temperatura jamais será, afinal o que não há é unanimidade sobre conforto térmico.
E o verão 2020/2021 que chegou hoje (20) ao fim foi até “camarada” em termos de calor na comparação com os últimos anos. Pra quem gosta de muito calor, não foi o melhor. Pra quem odeia calor, trouxe algum conforto.
O verão teve um padrão mais ameno de temperatura, por exemplo, em Porto Alegre com escassas jornadas escaldantes. Com base no registro de temperatura da estação meteorológica do Instituo Nacional de Meteorologia, no Jardim Botânico, em todo o período de verão a temperatura só igualou ou superou os 35°C em seis dias.
Foram quatro dias no mês de janeiro. Apenas um dia com mais de 35°C no mês de dezembro (desde o dia 21 no solstício de verão) e apenas um em março. No mês de fevereiro a temperatura não passou um dia sequer dos 35°C, segundo registro do INMET.
Estes foram os dias em que a temperatura igualou ou superou 35°C na estação do Instituto Nacional de Meteorologia, em Porto Alegre, durante o verão:
30/12: 35,0°C
08/01: 35,0°C
09/01: 35,7°C
10/01: 35,5°C
11/01: 38,4°C
16/03: 35,0°C
O dia 11 de janeiro, portanto, foi o mais quente deste verão em Porto Alegre com uma temperatura máxima 38,3°C.
Comparando com o verão de 2019/2020 fica evidente a baixa freqüência de dias mais quentes neste ano. Ao total, no verão anterior, foram 22 dias em que a temperatura máxima ultrapassou os 35°C em Porto Alegre, com empate de sete registros nos meses de dezembro (que tem contagem parcial) e fevereiro.
Cabe recordar que os últimos dias de 2019 foram de uma histórica onda de calor e que no dia 31 de dezembro de 2019 a Capital teve 40,3°C, o que é muitíssimo raro.
No geral, o trimestre de dezembro a fevereiro que forma o chamado verão climático teve temperatura perto da média histórica. Algumas áreas do Oeste e do Leste gaúcho experimentaram temperatura um pouco acima da normal histórica enquanto outras do Sul tiveram registros abaixo.
Qual razão do verão ter sido mais “camarada” neste ano ?
O padrão menos quente em relação a outros anos tanto da temperatura máxima quanto da mínima se deve, em parte, à influência do fenômeno La Niña, com o resfriamento do Oceano Pacífico Equatorial.
O atual evento de La Niña teve seu ápice no mês de janeiro. Em seu prognostico de verão, a MetSul já destacava o potencial de jornadas mais amenas não só em Porto Alegre, como em grande parte das regiões como de fato ocorreu.