Maio vai terminar com queda de temperatura no Rio Grande do Sul. Efeito de uma nova massa de ar frio que vai alcançar o Brasil, mas promete ser muito diferente da última. Na sequência de vários dias com registro de chuva entre hoje e o domingo, a nova incursão de ar frio vai primeiro atingir áreas mais ao Sul gaúcho no sábado e atingir todas as áreas do Estado entre domingo e segunda-feira.
A nova massa de ar frio, que vai atuar durante a primeira semana de junho, tem duas diferenças relevantes em relação à onda polar de forte intensidade e de grande dimensão geográfica com características incomuns para o mês de maio que marcou a última semana no Brasil. Primeiro, será menos intensa. Segundo, e mais importante, vai ser muitíssimo menos abrangente na sua área de influência que a última.
O ar gelado que irrompeu sobre o território brasileiro na última semana derrubou a temperatura em 17 estados e no Distrito Federal com geada muito mais ao Norte que o habitual como em Brasília e no Centro do estado do Mato Grosso, no Sul da Amazônia Legal. Foram observadas as menores mínimas em maio em 45 anos em capitais como Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. Chegou a fazer 11ºC na praia no litoral da Bahia e até 4ºC no interior baiano. No Sul, a neve caiu nos três estados e com pequena acumulação em algumas localidades.
Nada disso ocorrerá agora com este evento de ar frio que se desenha no horizonte. A influência da incursão fria na temperatura será maior no Sul do país, especialmente no Rio Grande do Sul, e modesta em estados do Centro-Oeste e do Sudeste. O Sul do Mato Grosso do Sul e parte do interior de São Paulo registrarão queda maior da temperatura, mas na maioria das áreas das duas regiões haverá muito mais um refresco que frio intenso.
O que o ar frio deve ter como efeito é a possibilidade de muita chuva em áreas do Sul do Brasil e mesmo em partes do Mato Grosso do Sul e do interior de São Paulo à medida que a massa de ar fria terá dificuldade em romper o bloqueio da massa de ar seco sobre o Brasil Central. Isso deve levar a acumulados de precipitação bastante altos para esta época do ano em parte do Mato Grosso do Sul e no Paraná, onde no fim de maio e no começo de junho já chove muito menos pela temporada seca do Centro do país.
No Rio Grande do Sul, uma vez que a massa de ar frio não consegue progredir muito para o Norte, depois de uma sequência de dias de nebulosidade e precipitação, entre segunda e terça da semana que vem o tempo firme predominaria na maioria das áreas, embora sejam previstas nuvens. Ocorre que logo a chuva retornaria na segunda metade da semana que vem e, de novo, por vários dias seguidos. Isso deve levar a acumulados altos no Sul do país nos próximos dez dias.
Uma vez que esta incursão de ar frio não vai trazer ar muito seco que afaste a nebulosidade e a instabilidade de grande parte ou todo o Sul do Brasil em um primeiro momento e ar quente vai avançar em altitude sobre o ar frio no final da semana que vem, a presença de nuvens e o perfil úmido da atmosfera devem impedir mínimas muito baixas generalizadas.
O Paraná, por exemplo, incluindo Curitiba, deve ter muita chuva na próxima semana. No Rio Grande do Sul, o ar frio atingiria com maior força o Sul gaúcho e parte do Leste do estado com marcas muito baixas na Campanha e no Sul. As madrugadas mais frias seriam as dos dias 31 de maio e 1º de junho.
Assim, pelos dados disponíveis hoje, este evento de ar frio não vai trazer mínimas muito baixas generalizadas e tampouco geada ampla no Sul do Brasil porque será um frio úmido na maioria das localidades da região. O que ocorrerá em diversas cidades são máximas baixas à tarde. Porto Alegre e Curitiba, por exemplo, terão várias tardes com temperatura máxima baixa semana que vem com a capital paranaense apresentando um tempo muito chuvoso enquanto a gaúcha vai ter menos instabilidade e chuva em apenas alguns dias. Na cidade de São Paulo, embora haja previsão de queda de temperatura na próxima semana, o efeito do ar frio será muito mais chuva que marcas baixas nos termômetros.
Região que deve sentir com força esta incursão de ar frio é o Centro da Argentina e parte do Uruguai. A próxima semana será extremamente fria na área de Buenos Aires com marcas abaixo de zero no Aeroporto Internacional de Ezeiza e outros pontos da Grande Buenos Aires. A capital argentina deve ter suas noites mais frias do ano até agora. No outro lado do Rio da Prata, a cidade de Montevidéu também terá frio muito intenso e a força do ar polar deve trazer vento com muito baixa sensação térmica.
Estas são projeções com base nos dados de hoje e, portanto, sujeita a mudanças. Os modelos têm reiterado rodada após rodada o indicativo que esta incursão de ar frio não será abrangente e intensa no Brasil, exceto por áreas mais ao Sul do Rio Grande do Sul, mas tem oscilado muito em suas projeções de mínimas para o território gaúcho na semana que vem. Independente, a maior probabilidade é que o frio seja mais intenso no Sul do Rio Grande do Sul com nuvens frustrando maior resfriamento em área mais ao Norte do território gaúcho.