Meteorologistas do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos devem ter mais um ano de muito trabalho com a previsão de que 2022 será o sétimo ano seguido com mais ciclones tropicais do que o normal no Atlântico Norte | JOE RAEDLE/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/ AFP/METSUL METEOROLOGIA

Mais um ano com a perspectiva de muitos e intensos furacões no Atlântico Norte. A agência de tempo e clima do governo dos Estados Unidos projeta mais uma temporada de furacões no Atlântico com atividade acima da média em 2022, informou o Centro de Previsão Climática da NOAA (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera). A temporada vai de 1 de junho a 30 de novembro.

Os meteorologistas do Centro de Previsão Climática da NOAA, uma divisão do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos, estão prevendo 65% de chance de uma temporada acima do normal, 25% de chance de uma temporada quase normal e 10% de chance de uma temporada abaixo do normal. Confirmando-se um ano com mais ciclones tropicais que a média, seria a sétima temporada seguida mais ativa do que o normal.

Para a temporada de furacões de 2022, a NOAA projeta um intervalo provável de 14 a 21 tempestades nomeadas (tempestades tropicais ou furacões), das quais 6 a 10 podem se tornar furacões, incluindo 3 a 6 grandes furacões (categoria 3, 4 ou 5 na escala Saffir-Simpson). A NOAA trabalha com intervalos de confiança de 70% para as suas projeções.

A maior atividade antecipada para este ano é atribuído a vários fatores climáticos, incluindo o La Niña que provavelmente persistirá durante toda a temporada de furacões, temperaturas da superfície do mar mais quentes do que a média no Oceano Atlântico e no Mar do Caribe, ventos alísios tropicais mais fracos do Atlântico e uma monção reforçada da África Ocidental.

Um período de monções da África Ocidental mais ativo acaba por proporcionar ondas de Leste que se originam na África de maior intensidade e não raro dão origem a muitos dos furacões mais fortes e duradouros na maioria das estações. A maneira como as mudanças climáticas afetam a força e a frequência dos ciclones tropicais, entretanto, é uma área contínua de estudo para os cientistas da NOAA.

A La Niña persistindo no inverno e na primavera do Hemisfério Sul e no verão e outono do Norte pode ser a grande causa de mais uma temporada hiperativa de ciclones tropicais no Atlântico Norte. Isso porque ocorre o contrário que se dá com o El Niño que suprime o desenvolvimento de furacões no Atlântico ao aumentar a quantidade de cisalhamento vertical do vento e ar seco e estável que tende a prevalecer sobre a chamada Região de Desenvolvimento Principal (MDR) para furacões, que inclui o Oceano Atlântico Norte tropical e o Mar do Caribe entre 9,5°N e a latitude 21,5°N.

A última previsão probabilística da NOAA/IRI, emitida em 19 de maio, prevê apenas 4% de chance de condições de El Niño durante no período de pico da temporada de furacões entre os meses de agosto e outubro, o que sugere que as condições serão muito favoráveis à gênese de ciclones tropicais e muitos furacões, alguns intensos.

Outro fator que os meteorologistas prestam atenção é a temperatura do mar no chamado “berço dos furacões” do Atlântico, perto de Cabo Verde, a chamada Região de Desenvolvimento Principal. Atualmente, as anomalias de temperatura da superfície do mar nesta região estão próximas da média, mas quase todos os modelos climáticos preveem que as anomalias passarão a ficar acima da média em agosto, setembro e outubro, coincidindo com o auge da temporada de furacões.