O NOAA (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera), órgão oficial de clima do governo norte-americano, divulgou comunicado ontem em que informa que o fenômeno El Niño está de volta. O comunicado do NOAA não foi nenhuma surpresa. Já era muito esperado e faz tempo. Desde o fim do ano passado a MetSul Meteorologia antecipava na mídia e de forma detalhada aos seus clientes de produtos climáticos que as condições no Pacífico estavam no limite de neutralidade e El Niño fraco, o denominado “borderline El Niño”. No informe, a agência dos Estados Unidos define o atual El Niño, o primeiro desde 2009/2010, como “elusive” ou enganoso. Não é à toa. Durante 2014, eram fortes os indicativos de que o fenômeno seria declarado, sobretudo após o aquecimento forte da metade do ano, mas que falhou em caracterizar um evento de El Niño. Somente no último trimestre de 2014 as anomalias positivas de temperatura da superfície do mar passaram a ter valores positivos constantes em patamares ao redor do mínimo para que se caracterize medianamente um episódio deste fenômeno.


O NOAA descreve que na atual fase, por ser muito fraco,”não são esperados impactos significativos ou generalizados no clima global” em razão do El Niño. Os mais recentes eventos do fenômeno se deram em 2002/2003 (moderado), 2004/2005 (fraco), 2006/2007 (fraco a moderado) e 2009/2010 (moderado a forte). O último El Niño intenso (Super El Niño) foi o de 1997/1998. Hoje, o El Niño não se apresenta na sua forma canônica (clássica) em que há uma língua de águas mais quentes do que a média na faixa equatorial e sim se observa desde janeiro a presença de águas mais frias que o normal no Pacífico Leste, perto da costa da América do Sul, o que trouxe chuva irregular em fevereiro e que se manterá agora no curto e médio prazos.


No último evento Niño, de 2009/201, a chuva ficou muito acima do normal aqui no Rio Grande do Sul, como normalmente ocorre quando se dá um forte aquecimento das águas do Pacífico Equatorial. Os maiores excessos se deram no segundo semestre de 2009 com enchentes. Apesar de fraco hoje, modelos analisados pela MetSul Meteorologia indicam que há chance de forte intensificação do fenômeno nos próximos meses, o que em nosso entendimento criaria condições de risco de precipitações excessivas aqui no Estado e possíveis cheias de rios e enchentes mais tarde neste ano. Assinantes de nossos boletins climáticos têm os detalhes completos e exclusivos do cenário esperado para os próximos meses aqui no Sul do país.