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Nível do Guaíba segue muito alto e se elevou ainda mais hoje cedo na capital | PEDRO PIEGAS/PMPA

O nível do Guaíba na manhã desta terça-feira se aproximou do pico da cheia registrado na última semana de 2,70 metros. A régua instalada no Cais Mauá indicou 2,68 metros às 7h de hoje, logo apenas dois centímetros abaixo do valor máximo observado nesta cheia.

Vento do quadrante Sul e chuva colaboraram para a alta das primeiras horas desta terça-feira, uma vez que não houve alteração significativa do nível do principal rio contribuinte que é o Jacuí, que já começou a baixar em Cachoeira do Sul e em Rio Pardo.

O pico da atual cheia se deu na manhã do dia 14, na última quinta-feira, com marca que raramente se observa. Chegou a 2,70 metros no Cais Mauá, apenas 30 centímetros abaixo da cota de transbordamento no Centro. No Sul da cidade, com cotas de extravasamento menores, houve alagamentos. Nas ilhas, a situação já ruim piorou. Com o nível muito elevado, as águas do Guaíba refluíram pela rede pluvial e alagaram ruas no Quarto Distrito.

A cota de 2,70 metros do dia 14 só é superada neste século pelo registro de 2,97 metros de outubro de 2015 e bateu as de várias cheias daquele ano de Super El Niño. Superou a da grande cheia de outubro de 2016 (2,65 metros), da de 1984 (2,60 metros) que levou o então prefeito João Dib a fechar o portão da Mauá no Cais (o que só se repetiria em 2015), das cheias de 1965, 1966 e da primeira de 2015 (2,56 metros), e da de 2002 (2,52 metros). Ficou abaixo dos 2,97 metros de 2015, os 3,13 metros de 1967 e os 4,76 metros de 1941.

Com a grande cheia do Taquari do começo do mês e também do Jacuí, o Guaíba atingiu o seu primeiro pico de cheia no dia 7 com 2,46 metros. Após, começou a baixar. No final da segunda-feira (10), o nível era de 1,96 metro, mas então veio um vendaval com vento Sul e uma vez mais começou a subir novamente com a persistência do represamento pelo vento Sul e a chuva que passou de 100 mm, atingindo os 2,70 metros da quinta (14) sob forte vento Sul.

Na sexta (15), com o vento passando para Norte, o Guaíba recuou para 2,50 metros e durante todo o fim de semana (16 e 17 de setembro) se manteve estável ao redor dos 2,50 metros com oscilações que variaram entre 2,49 metros e 2,53 metros.

Com ingresso de vento Sul na manhã de ontem (18), o Guaíba começou nova trajetória de alta e atingiu 2,62 metros no começo da tarde da segunda-feira, recuando depois para 2,53 metros no começo da madrugada de hoje antes de se elevar rapidamente para 2,68 metros no início da manhã desta terça.

Imagens de satélite do Sistema Copernicus da União Europeia, geradas a pedido da MetSul para a Plataforma Adam, mostram a dimensão da cheia do Guaíba no Delta do Jacuí, em Porto Alegre. As imagens geradas pelos satélites europeus do Copernicus durante o fim de semana de tempo aberto dos dias 16 e 17 ilustram como o nível subiu muito e alagou as ilhas do delta e do Guaíba.

ADAM PLATFORM

A grande cheia do Guaíba em Porto Alegre decorre de outras duas grandes. O Taquari, segundo maior contribuinte, experimentou a maior cheia desde 1941 no começo do mês. Na sequência, o maior contribuinte que é o Jacuí passou pela terceira maior cheia desde 1941.

No fim de semana, a cheia do Jacuí na régua de Cachoeira do Sul, ao atingir 25,55 metros do sábado no ponto de medição da Ponte do Fandango, superou a marca de outubro de 2015, quando o nível chegou a 25,53 metros. Em Rio Pardo, que está em situação de emergência desde o final da semana passada pela enchente, é uma das maiores enchentes desde 1941. Os anos de 1941 e 2015 foram de Super El Niño.