O nível do Lago Guaíba, em Porto Alegre, atinge neste sábado um dos menores valores da história recente. A medição no Cais Mauá durante a manhã indicou apenas 0,13 metro. O valor, importante salientar, não significa que a profundidade das águas esteja apenas em 13 centímetros e sim é uma referência em relação ao chamado zero do marégrafo no litoral gaúcho. O zero da régua da Harmonia, por exemplo, está localizado 23,72 centímetros abaixo do nível médio do mar (marégrafo de Torres).

Assim, exceção das áreas autorizadas para banho, como os casos das praias mais ao Sul da cidade, o Guaíba segue local perigoso por risco de afogamento, como na prainha do Gasômetro que muitas vezes é buscado para se refrescar e não é ponto seguro nem balneável com histórico de afogamentos.

O nível de 0,13 metro da manhã deste sábado no Cais Mauá é um dos menores da história recente. Nos últimos 20 anos, raramente o Guaíba esteve tão baixo como agora. Apenas em situações de seca forte a severa como a que castiga o Rio Grande do Sul o manancial alcança níveis tão baixos, assim como se viu em 2004 e 2005.

O nível médio histórico de janeiro é de 0,47 metro, conforme dados das autoridades portuárias e de praticagem. O fotógrafo Fernando Oliveira percorreu a orla hoje de manhã e registrou a baixa das águas do Guaíba.

Fernando Oliveira

Fernando Oliveira

Fernando Oliveira

A marca de hoje iguala os mesmos 13 centímetros da manhã do último 13. Portanto, os níveis de 13 de janeiro e deste 22 de janeiro são os menores observados até o momento nesta severa estiagem. No último dia 6, a medição do cais chegou a indicar 1,00 metro, o maior valor neste janeiro. Efeito da chuva local que atingiu a região de Porto Alegre e seu entorno na véspera e do vento Sul que ingressou naquele momento com ar mais frio.

São dois os fatores que explicam o muito baixo nível do Lago Guaíba. O primeiro, por óbvio, é a estiagem severa. Até tem chovido com volumes altos em alguns episódios neste janeiro na capital gaúcha, mas o nível do lago é fundamentalmente ditado pela chuva que ocorreu nas bacias dos vários rios que desembocam na área de Porto Alegre, casos do Taquari-Antas, Jacuí, Caí, Sinos-Paranhana, e Gravataí. Assim, se chover muito na capital e nada nas bacias dos rios contribuintes o Guaíba sobe rapidamente e logo volta a baixar.

O segundo fator é vento. Quando atingiu seu máximo mensal no dia 6, o vento era do quadrante Sul que represa o escoamento das águas para a Lagoa dos Patos e favorece o aumento do nível. Com vento Norte, ao contrário, o escoamento da vazão para a lagoa é facilitado. Uma vez que estamos sob uma persistente e prolongada onda de calor muito intenso e histórica, há predomínio de vento do quadrante Norte.

Ontem, quando o nível do Guaíba chegou a descer a 0,30 metro durante a manhã, o navio Arietta, com bandeira de Malta e carregando com 10,35 mil toneladas de fertilizantes, encalhou nas águas do Guaíba na área central de Porto Alegre. A embarcação vinha de Rio Grande e acabou saindo do canal por volta das 10h30min, bem em frente ao Cais Mauá.

O Arietta, de grande porte, seguia na frente de dois barcos menores que navegavam em comboio. Ao dar passagem, acabou saindo do canal e encalhando. Até às 18h55, o navio não havia sido rebocado, responsabilidade que cabe ao dono da carga, e não causou interferência para outras embarcações. A Superintendência do Porto de Rio Grande afirmou que o problema não foi causado pelo nível do Guaíba.