É verão na Antártida com temperatura mais alta e, no caso de 2020, com recorde histórico de temperatura na península antártica, registrado no começo deste mês na base argentina de Esperanza, onde a máxima chegou a 18,3°C. 

Um fenômeno surpreendeu os cientistas. Nas últimas semanas, o gelo ao redor da base de pesquisa ucraniana Vernadsky, localizada na ilha de Galindez junto à península, ficou rosa e com cor de sangue. As imagens foram publicadas pelo Ministro de Educação e Ciência da Ucrânia nas redes sociais. 

Trata-se de um fenômeno natural. A cor rósea e de sangue decorre de um tipo de alga de pigmento avermelhado da espécie Chlamydomonas Chlamydomonas nivalis, encontradas no mundo inteiro. As algas sobrevivem nas águas gélidas e permanecem dormentes sob o frio intenso, mas chega o verão e a temperatura sobe elas se proliferam (bloom), deixando a paisagem avermelhada.

O grego Aristoteles já havia descrito esse fenômeno mais de três séculos antes do nascimento de Cristo e ao longo da história se descreveu a neve cor de melancia ou de sangue. O pigmento é o mesmo que dá coloração alaranjada para abóbora e a cenoura. 

Quanto mais algas se proliferam menor a absorção de calor pelo gelo, o que leva a maior temperatura e a um maior degelo, trazendo ainda mais algas e alimentando o ciclo em feedback, o que cientistas ucranianos apontam como uma evidência das mudanças climáticas.