Anúncios

Entre os observadores de furacões, há uma curiosa superstição que ganhou força: a chamada “maldição dos furacões com a letra M”. A ideia vem do número incomum de tempestades devastadoras que começaram com essa letra e tiveram seus nomes oficialmente aposentados — um reconhecimento reservado apenas aos ciclones mais mortais ou destrutivos. Embora seja uma crença popular, o padrão é sustentado por um fenômeno real observado nas últimas décadas.

Melissa causou grande destruição na Jamaica | RICARDO MAKYN/AFP/METSUL

Quando um furacão causa grandes tragédias, seu nome é retirado das listas oficiais para evitar insensibilidade e confusão em futuros alertas, o que deve ocorrer com o furacão Melissa que causou devastação sem precedentes nesta semana na Jamaica.

O furacão Melissa tocou terra na Jamaica na terça como um dos ciclones mais intensos da história do Atlântico. A pressão mínima central de só 892 milibares (mb) igualou a do lendário furacão do Dia do Trabalho de 1935 e somente é superada pelos furacões Wilma (2005) com 882 mb e Gilbert (1988) com 888 mb. Tornou-se o primeiro furacão de categoria 5 a atingir terra no Atlântico desde Dorian, nas Bahamas, em 2019. Foi também o mais poderoso a atingir a Jamaica em todos os tempos.

No Atlântico, sete nomes com a letra M já foram aposentados, e muitos deles estão entre os mais destrutivos da história. O mais lembrado é Maria (2017), que devastou Dominica, Porto Rico e as Ilhas Virgens Americanas, causando milhares de mortes e colapsando a infraestrutura elétrica da ilha.

Outro nome marcante é Matthew (2016), um furacão de categoria 5 que arrasou o Haiti, atingiu Cuba e o sudeste dos Estados Unidos, matando mais de mil pessoas. Em 1998, Mitch entrou para a história como um dos furacões mais letais já observados, com mais de 11 mil vítimas em Honduras e Nicarágua após chuvas torrenciais e deslizamentos massivos.

A lista ainda inclui Michael (2018), que tocou terra na Flórida como um devastador categoria 5; Michelle (2001), que trouxe ventos fortes e chuvas intensas para a América Central e o Caribe; Marilyn (1995), que passou diretamente sobre as Ilhas Virgens Americanas; e o recente Milton (2024), um furacão historicamente poderoso e mortal que atingiu a Flórida.

A coincidência é tamanha que a letra M virou símbolo de destruição entre os caçadores de furacões. No entanto, o padrão se explca de forma racional: o alfabeto dos nomes é percorrido ao longo da temporada, e a letra M costuma ser alcançada em plena fase de pico da atividade ciclônica, em setembro. Nessa época, as águas estão mais quentes e a atmosfera mais propícia à formação de furacões intensos. Assim, não é uma maldição e apenas uma superstição que se explica cientificamente.

Curiosamente, a letra I tem ainda pior reputação. Foram 14 nomes iniciados por I já aposentados, como Ivan, Irma e Ida, todos associados a grandes catástrofes. O motivo é o mesmo: na sequência alfabética, o “I” também costuma coincidir com o auge da temporada, quando as condições para furacões extremos são mais favoráveis.

A MetSul Meteorologia está nos canais do WhatsApp. Inscreva-se aqui para ter acesso ao canal no aplicativo de mensagens e receber as previsões, alertas e informações sobre o que de mais importante ocorre no tempo e clima do Brasil e no mundo, com dados e informações exclusivos do nosso time de meteorologistas.

Anúncios