A temperatura da superfície do mar está acima da média em toda a costa do Brasil neste começo de março. Os desvios de temperatura superficial não são significativos, porém do Rio Grande do Sul ao Amapá são observadas anomalias de positivas de temperatura das águas superficiais do Atlântico.
De acordo com dados deste começo de março da NOAA, a agência de tempo e clima do governos dos Estados Unidos, os maiores desvios de temperatura da superfície do mar no litoral do Brasil se dão na região tropical, especialmente no litoral do Nordeste e perto da faixa equatorial.
É importante ressaltar que estes são dados de temperatura em alto-mar, assim não se traduzem necessariamente na realidade que pessoas observam na praia. Há condições de relevo e de ressurgência costeiros que podem trazer águas mais frias de forma localizada em alguns pontos de praia do litoral brasileiro.
A temperatura mais alta do Atlântico na costa brasileira contribuiu, por exemplo, para temperaturas mais altas. No Nordeste do Brasil, por exemplo, a temperatura tem estado acima a muito acima da média por meses seguidos.
As águas mais quentes na costa do Brasil acompanham uma tendência mundial. Se por um lado há o aquecimento do Oceano Pacífico Equatorial por conta do fenômeno El Niño, que é cíclico e natural, os oceanos estão muito quentes ao redor do mundo há vários meses.
“As temperaturas da superfície oceânica no Pacífico equatorial refletem claramente o El Niño, mas as temperaturas da superfície do mar em outras partes do globo têm sido persistente e invulgarmente elevadas nos últimos dez meses. A média da temperatura da superfície do mar no mundo em janeiro de 2024 foi de longe a mais alta já registrada em janeiro. Isso é preocupante e não pode ser explicado apenas pelo El Niño”, afirmou Celeste Saulo, secretária-geral da Organização Meteorológica Mundial.
Desde o ano passado são observadas ondas de calor marinhas em diferentes partes do mundo, que o serviço climático da União Europeia Copernicus definiu em comunicado como “potencialmente devastadoras”. Estudo publicado em 11 de janeiro na revista Advances in Atmospheric Sciences observou que havia “energia suficiente absorvida pelos oceanos em um ano para aquecer até 2,3 bilhões de piscinas olímpicas”.
Áreas do Pacífico equatorial, Atlântico Norte, Mediterrâneo e do Caribe estão entre as que apresentaram as maiores anomalias de temperatura nos últimos meses. Neste momento, o que mais impressiona os cientistas é a temperatura do Atlântico Norte na região tropical, o que faz com que especialistas temam por uma temporada de furacões no Atlântico Norte hiperativa e devastadora entre junho e novembro deste ano.
A temperatura da superfície do mar no fevereiro recém terminado no Atlântico Norte foi significativamente mais alta do que qualquer outro mês de fevereiro nos registros, mais quente do que qualquer outro mês de março e mais elevada do que em todos os meses de abril da série, exceto três, o que mostra como a região está com águas muitíssimo mais quentes do que o normal.
The 171st February is now in the books in NOAA's ERSST database… in the North Atlantic, it was significantly warmer than any other February, warmer than any other March, and even warmer than all-but-three recent Aprils. pic.twitter.com/7km2UFf4DC
— Brian McNoldy (@BMcNoldy) March 4, 2024
De acordo com a NASA, a aceleração do aquecimento dos oceanos aumenta o nível do mar devido à expansão térmica, acelera o derretimento do gelo nos polos, intensifica os furacões e degrada a saúde geral dos oceanos com perda de biodiversidade.
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