O litoral gaúcho foi atingido por uma forte ressaca com ondas de três a quatros metros no mar nesta sexta-feira (5). O mar avançou na maioria das praias até os cômoros e a faixa de areia sumiu sob as águas. 

No Litoral Sul, a força do mar causou a destruição de uma dezena de guaritas de salva-vidas no Cassino. No Litoral Norte, os principais danos ocorreram nos quiosques. 

O mar só não avançou sobre as ruas dos balneários pela proteção oferecida pelas dunas. Em algumas praias, o barreira física dos calçadões foi o que separou o mar das casas e prédios, como em Capäo da Canoa.

O que houve foi uma maré de tempestade (storm surge) muito significativa em razão de um ciclone extratropical intenso a Leste do Rio Grande do Sul.

O ciclone pouco se movimentou ao longo da sexta-feira, permanecendo quase estacionário sobre o Atlântico.

As análises dos modelos chegaram a indicara pressão mínima às 12Z (9h de Brasília) no centro do sistema de tão-somente 981 hPa, ou seja, um ciclone muito profundo. 

Por que a ressaca foi intensa? Primeiro, não foi surpresa. A MetSul Meteorologia, em razão da tendência de formação do ciclone intenso, alertava do risco de forte ressaca do mar e possibilidade mesmo de erosão costeira. 

O que fez da ressaca incomum foi a sua força nesta época do ano. Ressacas ocorrem em qualquer estação, mas costumam ser fortes em episódios no outono, inverno e primavera, mas não no verão.

Isso porque os ciclones dos meses mais frios do ano costumam ser intensos. Este ciclone de agora foi incomum não apenas por ser intenso, mas por se formar nas latitudes do Rio Grande do Sul e ainda por cima em pleno verão. O resultado foi a ressaca atípica em força pra estação. 

Neste fim de semana, a costa gaúcha ainda sofre a influência do swell do ciclone, mas a ressaca vai gradualmente ceder à medida que o ciclone se afasta, sobretudo no domingo. A agitação marítima, que também atingiu Santa Catarina, chegará ao litoral do Sudeste do Brasil.