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Nuvens carregadas sobre Livramento hoje à tarde | Anderson Alves

Temporais isolados foram registrados em diversas regiões do Rio Grande do Sul na tarde desta terça-feira (9). Houve queda de granizo, segundo levantamento da MetSul, em cidades como Livramento, Lagoão, Sertão Santana, Araricá, Nova Petrópolis, Mostardas, Almirante Tamandaré do Sul, Gramado, São Francisco de Paula e Igrejinha. Em Lagoão e em São Francisco de Paula, o granizo acumulou em alguns pontos. Temporais isolados atingiram também o Oeste de Santa Catarina.


A instabilidade foi resultado de área de menor pressão atmosférica denominada cavado que interagiu com o ar quente e úmido, gerando nuvens carregadas isoladas que trouxeram os temporais localizados com a tarde de calor. A máxima foi a 33,7ºC em Campo Bom.

A MetSul antecipa que estas ocorrências isoladas de chuva e de temporais passageiros de verão devem se repetir nesta quarta-feira em parte do Rio Grande do Sul e serão bastante freqüentes no Estado nos próximos dias, perdurando o quadro de instabilidade atmosférica ao menos até o começo da próxima semana, antes do ingresso de ar mais frio e seco que se projeta.

Diferentemente de uma frente fria, que é um sistema meteorológico que se estende por centenas de quilômetros e costuma trazer chuva mais generalizada, estas instabilidades convectivas geradas pelo calor e a umidade são formações locais que ocorrem mais da tarde para a noite.

Não é chuva que vem da Argentina ou do Uruguai, mas que se forma na própria região. E, pela sua natureza, são formações isoladas ou muito isoladas. Por isso, parte de uma cidade pode ter um verdadeiro “dilúvio” com chuva de 50 mm a 100 mm em apenas uma hora e a poucos quilômetros, não raro dentro da mesma cidade, uma gota sequer cai e ainda por cima o sol segue brilhando.

Estas formações isoladas que podem trazer chuva forte às vezes chegam com vento forte e queda de granizo, afinal são geradas por nuvens carregadas de grande desenvolvimento vertical e cujos topos alcançam grandes altitudes. Em dias de muito calor, especialmente com máximas acima de 35ºC, cresce o risco destas pancadas de chuva trazem junto tempestades com vendavais ou granizo.

É importante assinalar, e não nos cansamos de reiterar, que estas ocorrências de tempo severo, seja por chuva extrema ou temporais, tendem a ser predominantemente isoladas e que não é possível prever que pontos exatos podem ser afetados com grande antecedência, mas apenas delimitar as regiões de maior risco. Não raro tempestades severas nesta época do ano atingem apenas parte de uma cidade, na escala de bairros, sem causar qualquer transtorno em outros pontos do mesmo município.

Hoje, por exemplo, forte área de instabilidade que trouxe granizo em Sertão Santana se aproximou de Porto Alegre, mas poucos quilômetros antes de alcançar a Capital perdeu muita força e se dissipou. Antes, uma outra área de instabilidade menor e menos forte, trouxe chuva para alguns bairros do Sul da cidade sem que tenha chovido na maior parte de Porto Alegre. A dissipação da instabilidade, entretanto, acabou proporcionando a formação de nuvens Mammatus que foram observadas principalmente do Centro para o Sul da Capital.

Nuvens Mammatus hoje à tarde em Porto Alegre | Alex Fabiani

A probabilidade de ocorrência destes eventos de chuva forte ou de temporais pode ser antecipada dias ou horas antes, mas não é possível antever quais cidades serão afetadas porque eventos bastante localizados. Em municípios de maior dimensão territorial, neste tipo de situação, não raro se observa chuva muito volumosa em um temporal em parte da cidade e em locais não muito distantes dentro da mesma cidade pouco ou nada de chuva.

Os modelos numéricos que geram projeções de volumes, ademais, não conseguem prever exatamente tais eventos de chuva extrema isolados, por isso prevêem volumes de 15 mm a 20 mm para um dia em determinado município e no fim, por um temporal, acaba chovendo 100 mm. Os meteorologistas que enxergam o cenário macro da atmosfera é que conseguem alertar para este risco de eventos porque não se limitam a observar projeções numéricas de chuva de modelos, atentando para as condições gerais da atmosfera que sinalizam o risco de episódios localizados extremos de precipitação.

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