NOAA/RAMMB/CSU

Madagascar se prepara para um desastre natural. O país recém se recuperando das inundações provocadas pela tempestade tropical Ana, em 22 de janeiro, e que sofre com uma seca devastadora no Sul do seu território, agora será castigado pelo ciclone tropical Batsirai no sábado.

Batsirai era nesta quinta uma tempestade de categoria 4 com ventos de mais de 200 km/h e se movia para Oeste e Sudoeste a 8 km/h, de acordo com o Joint Typhoon Warning Center. O ciclone tropical passou por um ciclo de substituição da parede do olho e não estava tão organizado nas imagens de satélite e radar como ontem. Padrão de vento divergente comprometia uma maior intensificação da tempestade que ainda avançava sobre ar mais seco que enfraquece e desorganiza o sistema.

O Joint Typhoon Warning Center projeta que Batsirai deve enfraquecer e alcançar Madagascar no sábado como uma tempestade de categoria 2. “A região costeira é povoada e os danos causados ​ ventos provavelmente serão extensos”, observa o meteorologista especialista em ciclones tropicais Jeff Masters de Yale.

“A maior preocupação de Batsirai é chuva perto de 500 mm que devem afetar áreas povoadas. A área de chuva forte de Batsari pode acabar logo ao Sul da cidade mais populosa do país, a capital Antananarivo, mas a terceira maior cidade do país, Antsirabe (população de 250.000) provavelmente terá chuva acima de 250 mm”, enfatiza Masters. O Sul, assolado pela seca, deve escapar da chuva volumosa. A seca de vários anos deixa 1,6 milhão de pessoas em altos níveis de insegurança alimentar e desnutrição.

A tempestade tem potencial para ser um dos cinco principais desastres em prejuízo da história de Madagascar. O risco de danos é maior que em tempestades anteriores de intensidade semelhante devido ao considerável desmatamento que Madagascar experimentou nos últimos 20 anos com perda de 24% de sua cobertura florestal entre 2000 e 2020. As águas das enchentes escoam mais rapidamente das montanhas desmatadas e atingem alturas mais altas nas regiões baixas e causam maiores danos.

Grandes ciclones tropicais atingiram Madagascar em média uma vez a cada três anos desde que os dados precisos de satélite começaram em 1997. Oito ciclones tocaram terra entre 1997 e 2021. O mais forte e mortal a atingir a ilha na era dos satélites foi Gafilo, que arrasou o extremo Norte de Madagascar em 7 de março de 2004 como uma tempestade de categoria 4 com ventos de 250 km/h. Galfilo despejou até 500 mm de chuva. No total,  363 pessoas morreram. Antes de atingir a terra firme, a pressão central de Gafilo de 895 hPa foi a mais baixa de qualquer ciclone tropical já registrado no Sul do Oceano Índico.

Seis outras tempestades de categoria 4 atingiram a ilha. O ciclone Enawo, em 7 de março de 2017, Givanna, em 3 de fevereiro de 2012, Hudah, em 2 de abril de 2000, Gretelle, em 24 de janeiro de 1997, Bonita, em 10 de janeiro de 1996, e Geralda, em 2 de fevereiro de 1994. Além disso, um ciclone de março de 1927 que matou até 500 pessoas pode ter sido um categoria 4.