Março começa com o fenômeno La Niña pouco oscilando em intensidade no Oceano Pacífico Equatorial e apresentando fraca intensidade no momento. O pico de intensidade do atual evento da La Niña foi alcançado em dezembro e nos primeiros dias de janeiro, mas, desde então, o resfriamento das águas na faixa equatorial do oceano perdeu força.
Ocorreu o que tradicionalmente se dá tanto com a La Niña como com o El Niño que é o máximo de intensidade do evento se verificando, na maioria dos episódios, ao redor da virada do ano. Mesmo assim ocorrem flutuações nas anomalias de temperatura da superfície do mar, mais pronunciadas no Pacífico Leste que é uma região mais volátil.
Conforme o último boletim semanal da NOAA, a agência climática do governo dos Estados Unidos, a anomalia da temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central na última semana foi de -0,8ºC contra -0,6ºC na semana anterior, assim na faixa que se considerada de fraca intensidade (-0,5ºC a -0,9ºC). Esta é a região usada para se definir a atuação de El Niño ou La Niña e sua força. No pico de intensidade no evento em curso, a anomalia chegou a -1,1ºC.
Já a anomalia medida no Pacífico Equatorial Leste, a chamada região Niño 1+2, foi de -1,5ºC contra -1,7ºC na semana anterior. É anomalia considerada dentro da faixa de intensidade forte (-1,5ºC a -1,9ºC). Esta região mais a Leste do Pacífico, em várias análises de correlação, mostrou ter grande impacto na chuva do Rio Grande do Sul.
A MetSul acautela que é um erro se fazer uma relação linear entre intensidade de La Niña e severidade de estiagem no Rio Grande do Sul, portanto o enfraquecimento do fenômeno em curso desde o começo do ano não significa que a estiagem vai acabar. Ao contrário, a chuva deve seguir muito irregular no Estado.
Precipitação até traz alívio em algumas áreas, como se viu em algumas regiões no começo desta semana e se verá novamente no início da próxima semana com a atuação de uma nova frente fria, mas o quadro está longe de se normalizar pelo elevado déficit hídrico acumulados durante os últimos meses.
De acordo com a maioria dos modelos de clima, o fenômeno La Niña chegaria ao fim em meados do outono. A NOAA projeta 77% de probabilidade de o fenômeno seguir no outono (março a maio), seguindo-se a transição para neutralidade (56% de probabilidade de maio a julho). Com isso, muitas cidades devem se ressentir de chuva mais abundante até a próxima estação e as consequências da estiagem ainda serão sentidas por longo período.
Observa-se em área da subsuperfície, portanto abaixo da superfície do mar, uma diminuição crescente das áreas já pouco extensas de águas mais frias do que a média e uma expansão para Leste de uma língua de águas mais quentes do que a média, mas que apresenta sinais de desintegração.