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Modelo North America Ensemble Model (NMME), que reúne vários modelos de clima, projeta o fenômeno La Niña plenamente configurado no inverno deste ano | NOAA

O Oceano Pacífico ainda segue sob condições de El Niño nesta metade de abril, segundo os critérios da agência de tempo e clima norte-americana, utilizado pela MetSul. Já para o serviço meteorológico australiano, que adota critérios distintos, o El Niño já chegou ao fim e o Oceano Pacífico Equatorial ingressou em fase de neutralidade.

De acordo com o último boletim da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, publicado ontem, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central (região Niño 3.4) está em 0,9ºC, portanto no limite superior da faixa de intensidade fraca.

É a primeira vez que o boletim semanal da NOAA informa o Pacífico Equatorial Centro-Leste com valores na faixa de fraca intensidade desde a semana de 28 de junho de 2023. A maior anomalia semanal foi observada no boletim de 25 de novembro do ano passado com 2,1ºC.

Já o Pacífico Equatorial nos litorais do Peru e do Equador, a denominada região Niño 1+2, estava na última semana com anomalia da superfície do mar de -0,2ºC. Ou seja, o Pacífico Equatorial já registra resfriamento junto à costa da América do Sul.

Esta é a quarta semana consecutiva em que esta parte do Pacífico apresenta anomalia de temperatura da superfície do mar abaixo da média. Os dados indicaram -0,1ºC em 20 de março; -0,4ºC em 27 de março; -0,1ºC em 3 de abril e -0,2ºC no mais recente dado, de 10 de abril.

Os dados de anomalia de temperatura da superfície do mar indicam assim que o El Niño está nos seus momentos finais. A tendência é que o episódio do fenômeno de 2023-2024 chegue ao fim no final do mês ou mais tardar em maio, seguindo-se uma fase breve de neutralidade até a instalação da La Niña.

La Niña é mais provável a partir do inverno

A probabilidade é de que o fenômeno La Niña retorne e seja declarado no decorrer do inverno deste ano. Não há um consenso entre os modelos, mas a maioria das simulações de clima de longo prazo indica condições de La Niña no Pacífico a partir de julho ou agosto.

Conforme a mais recente estimativa do Centro de Previsão Climática (CPC) da NOAA, há uma probabilidade de 85% de que o El Niño chegue ao fim e o Pacífico Equatorial evolua para uma condição de neutralidade agora no trimestre de abril a junho que vai marcar o outono e o começo do inverno climático. Para o trimestre de maio a julho, as probabilidades são de 2% de El Niño, 72% de neutralidade e 26% de La Niña.

CPC/IRI

Para o trimestre de inverno de junho a agosto, 1% de probabilidade de El Niño, 39% neutro e 60% de La Niña. No trimestre de julho a setembro, 1% de El Niño, 26% de neutralidade e 73% de La Niña. No trimestre agosto a outubro, 1% de El Niño, 19% de neutralidade e 80% de La Niña.

No trimestre de primavera, entre setembro e novembro, 1% de El Niño, 16% de neutro e 83% de La Niña. No trimestre de outubro a dezembro, que marca o plantio da safra de verão, 1% de El Niño, 13% de neutro e 86% de La Niña. Finalmente, no trimestre de novembro a janeiro, de transição da primavera para o verão de 2025, 1% de El Niño, 14% de neutro e 85% de La Niña.

Assim, com base na estimativa da NOAA, haveria uma repetição do que se viu no ano passado, mas com sinal contrário. Em 2023, a transição de La Niña para El Niño foi muito rápida. Para 2024, a agência de tempo e clima dos Estados Unidos projeta uma transição novamente muito rápida, mas desta vez de El Niño para La Niña.

O que é o fenômeno La Niña

O fenômeno La Niña tem impactos relevantes no sistema climático global, sendo caracterizado por temperaturas abaixo do normal na superfície do Oceano Pacífico equatorial central e oriental. Essa condição contrasta com o El Niño, sua contraparte quente, e faz parte do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que influencia os padrões climáticos em todo o mundo.

Durante um evento La Niña, as águas do oceano Pacífico equatorial central e oriental ficam mais frias do que o normal. Isso tem efeitos significativos nos padrões de vento, precipitação e temperatura ao redor do globo. A última vez em que a La Niña esteve presente foi entre 2020 e 2023 com um longo evento do fenômeno que trouxe sucessivas estiagens no Sul do Brasil e uma crise hídrica no Uruguai, Argentina e Paraguai.

No Brasil, os efeitos do La Niña variam de acordo com a região. O Sul do país geralmente experimenta menos chuva enquanto o Norte e o Nordeste registram um aumento das precipitações. Cresce o risco de estiagem no Sul do Brasil e no Mato Grosso do Sul, embora mesmo com a La Niña possam ocorrer eventos de chuva excessiva a extrema com enchentes e inundações.

Além da chuva, a La Niña também influencia as temperaturas em diferentes partes do mundo. No Sul do Brasil, o fenômeno favorece maior ingresso de massas de ar frio, não raro tardias no primeiro ano do evento e precoces no outono no segundo ano do episódio. Por outro lado, com estiagens, aumenta a probabilidade de ondas de calor e marcas extremas de temperatura alta nos meses de verão no Sul.

Em escala global, quando o fenômeno está presente há uma tendência de diminuição da temperatura planetária, o que nos tempos atuais significa menos aquecimento da Terra. O aquecimento do planeta, entretanto, foi tamanho recentemente que a temperatura média do planeta hoje em um evento de La Niña forte tende a ser mais alta que em um evento de forte El Niño décadas atrás.

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