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NOAA anunciou nesta semana haver um evento maciço de escala global de branqueamento de corais com superaquecimento dos oceanos do planeta | YOSUKE HAYASAKAY/YOMIURI SHIMBUN/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O mundo passa por um episódio maciço de branqueamento de corais devido às temperaturas recorde dos oceanos, alertou nesta semana a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), a agência de clima e oceânica dos Estados Unidos. O evento se dá no momento em que o planeta passa por um aquecimento acelerado com a temperatura dos oceanos batendo sucessivos recordes desde março e abril do ano passado.

Pela segunda vez em dez anos, os recifes de corais de todo o mundo se veem afetados por um significativo fenômeno de descoloração relacionado ao aumento da temperatura da água, e algumas partes da Grande Barreira de Corais da Austrália correm risco de desaparecer.

Embora possa provocar a morte dos corais, o branqueamento é um fenômeno reversível, já que aqueles afetados podem sobreviver se as temperaturas baixarem e outros fatores de estresse forem reduzidos, como a pesca predatória e a poluição.

“De fevereiro de 2023 a abril de 2024, um evento de branqueamento significativo dos corais foi registrado tanto no Hemisfério Norte quanto no Hemisfério Sul de cada uma das principais bacias oceânicas”, disse Derek Manzello, da NOAA. O fenômeno foi confirmado em todas as regiões tropicais, especialmente no Brasil, na Flórida (Sul dos Estados Unidos), no Caribe e no Pacífico Tropical Leste.

A Grande Barreira de Corais da Austrália, o maior sistema de recifes do mundo e o único visível do espaço, também foi gravemente impactado. “Sabemos que a maior ameaça para os recifes de corais de todo o mundo é a mudança climática. A Grande Barreira não é uma exceção”, declarou no mês passado a ministra australiana do Meio Ambiente, Tanya Plibersek.

Os repetidos episódios de branqueamento em massa ameaçaram retirar dessa atração turística seu esplendor, deixando bancos de corais antes de cores vibrantes com um tom esbranquiçado. Esses invertebrados marinhos, formados por animais translúcidos individuais chamados pólipos, mantêm uma relação simbiótica com as algas que vivem dentro de seus tecidos e lhes fornecem sua principal fonte de alimento.

Desde o início de 2023, o branqueamento em massa de recifes de corais foi confirmado em toda a região tropical, incluindo a Flórida, nos Estados Unidos; Brasil; Pacífico Tropical Oriental (México, El Salvador, Costa Rica, Panamá e Colômbia); a Grande Barreira de Corais da Austrália; grandes áreas do Pacífico Sul (Fiji, Vanuatu, Tuvalu, Kiribati, Samoas e Polinésia Francesa); Mar Vermelho (Golfo de Aqaba); Golfo Pérsico; e o Golfo de Aden.

A NOAA também recebeu confirmação de branqueamento generalizado de corais em outras partes da bacia do Oceano Índico, incluindo Tanzânia, Quênia, Ilhas Maurício, Seicheles, Tromelin, Mayotte e ao largo da costa ocidental da Indonésia.

A onda de calor marinha de 2023 na Flórida não teve precedentes. Começou mais cedo, durou mais tempo e foi mais grave do que qualquer evento anterior naquela região. Como resposta, a NOAA fez esforços para compensar alguns dos impactos negativos das mudanças climáticas globais e dos estressores locais sobre os corais locais, como a mudança de viveiros de corais para águas mais profundas e frias e a implantação de guarda-sóis para proteger os corais em outras áreas.

Quando a água fica quente demais, os corais expulsam as algas e se tornam brancos, um fenômeno que os deixa expostos a doenças e à morte. “À medida que os oceanos se aquecem, o branqueamento do coral se torna mais frequente e grave”, afirmou Manzello.

“As previsões dos modelos climáticos para os recifes de coral têm sugerido há anos que os impactos do branqueamento aumentariam em frequência e magnitude à medida que o oceano aquece”, disse Jennifer Koss, diretora do Programa de Conservação de Recifes de Coral (CRCP) da NOAA.

As consequências desse fenômeno são múltiplas para a sociedade e o ambiente natural. O branqueamento dos corais afeta, por exemplo, os ecossistemas oceânicos, mas também as populações humanas porque repercutem na segurança alimentar e nas economias locais.

“Se precisamos de um caso concreto, visual e contemporâneo do que está em jogo com cada fração de grau de aquecimento, é este”, destacou Pepe Clarke, da ONG WWF. “A escala e a gravidade da descoloração em larga escala dos corais é uma prova clara dos danos causados pela mudança climática neste momento”, acrescentou.

O atual episódio de branqueamento é o quarto registrado pela NOAA desde 1985. Os anteriores foram observados em 1998, 2010 e 2016. Todos os anos foram de fortes a muito intensos episódios do fenômeno El Niño, em particular os de 199-1998 e 2015-2016, anos de Super El Niño.

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