O verão começou com a La Niña em intensificação no Oceano Pacífico Equatorial, o que a MetSul Meteorologia antecipava em seus prognósticos pela perspectiva de ressurgência (chegada de água mais frias do fundo do mar à superfície) em áreas oceânicas próximas da América do Sul.
De acordo com o último boletim semanal sobre o estado do Pacífico da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), a agência climática dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar no mar no Pacífico Central, a denominada região de Niño 3.4, era de -1,1ºC. Trata-se do mesmo valor do boletim da semana anterior. Esta parte do oceano é a usada para designar oficialmente se há El Niño ou La Niña e o valor de -1,1ºC está no território de intensidade moderada da La Niña que é de -1,0ºC a -1,4ºC.
Já o Pacífico Equatorial Leste, a região Niño 1+2, foi a que apresentou anomalias negativas maiores em relação à semana anterior e atingiu seu pico de resfriamento até agora neste episódio do fenômeno que se iniciou na metade de outubro. A anomalia de temperatura da superfície do mar foi de -1,7ºC contra -1,4ºC na semana anterior. Assim, dentro do patamar de intensidade forte (-1,5ºC a -1,9ºC).
Esta região mais a Leste do Pacífico denominada de Niño 1+2, junto às costas do Peru e do Equador, é muito atentamente monitorada pela MetSul porque historicamente é a que tem a maior correlação com a chuva no Rio Grande do Sul. Quando esta parte do oceano está mais fria do que a média durante o verão, o risco de chuva irregular e abaixo da média aumenta no território gaúcho, independente do que se esteja verificando nas demais regiões do Pacífico Equatorial.
Isso ajuda a explicar o atual cenário de chuva em volumes abaixo da média em grande parte do Rio Grande do Sul e que traz impactos já graves no campo. Agricultores têm dificuldade de plantar soja ou ver a cultura germinar pelo solo seco enquanto a falta de chuva abundante compromete também a produção de milho com perdas irreversíveis em vários municípios e quase totais em alguns. Os modelos de clima indicam que a La Niña deve perdurar ao menos até o começo do outono.