Tragédia com a cantora Marília Mendonça em acidente aéreo em Minas Gerais comoveu o Brasil e monopolizou a cobertura da imprensa nacional | MAURO PIMENTEL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A investigação oficial da Aeronáutica não identificou fatores meteorológicos que pudessem ter influenciado no acidente aéreo que levou à morte da cantora Marília Mendonça em tragédia que abalou o Brasil. O relatório confirma o que a MetSul Meteorologia havia destacado à época em que não havia sistemas meteorológicos relevantes na área do desastre aéreo.

O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticas) citou entre as suas conclusões uma “‘avaliação inadequada” do piloto no acidente que matou a cantora Marília Mendonça em novembro de 2021. Outras quatro pessoas morreram na queda do avião em Piedade de Caratinga (MG).

O documento aponta que a aproximação no aeroporto local foi iniciada a uma distância consideravelmente maior do que a esperada para uma aeronave como aquela característica e com uma separação em relação ao solo muito reduzida. Assim, “os riscos de colisão contra objetos, os quais não poderiam ser identificados com antecipação necessária, se tornaram significativamente elevados”, diz o Cenipa.

A investigações analisou ainda as linhas de transmissão de energia com que o avião se chocou antes da queda, o que fez da investigação meteorológica importante para análise de condição de visibilidade.

“No cenário em que ocorreu o acidente com o PT-ONJ verificou-se que a linha de transmissão possuía baixo contraste em relação à vegetação ao fundo. Por sua vez, a torre que sustentava a linha estava sobre uma área elevada e apresentava um contraste mais favorável à sua identificação”, afirma o relatório.

O tempo na hora do acidente

Como é a praxe em acidentes aéreos, todas as circunstâncias são consideradas na análise dos investigadores, inclusive as condições meteorológicas na região do desastre. No fatídico dia, uma grande massa de ar quente cobria a maior parte do estado de Minas Gerais por conta de um centro de baixa pressão no Sul do Goiás e o Noroeste de São Paulo. O tempo em rota foi excelente na sua maior parte e a temperatura era muito alta.

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No momento em que a aeronave se preparava para pousar, uma área de instabilidade de fraca intensidade, sem temporal ou chuva forte, atuava na região de Caratinga. Imagens de satélite das 15h daquele dia mostravam um núcleo de nuvens na região de Caratinga, mas as poucas estações próximas particulares não registraram chuva.

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O Aeroporto Regional de Ubaporanga, também conhecido por Aeroporto de Caratinga (SNCT), não tinha qualquer boletim meteorológico METAR (Meteorological Aerodrome Report) na tarde do acidente informado no sistema da FAB de Meteorologia.

O aeroporto regional de Caratinga é descrito por pilotos acostumados a voar na região como difícil pelo terreno muito acidentado e a pista cercada de morros. Como a aeronave em que a cantora Marília Mendonça estava atingiu uma linha de energia no procedimento de aproximação, o que pode ter levado ao impacto com o obstáculo foi um dos elementos centrais da investigação.

Os obstáculos eram conhecidos e informados aos pilotos em NOTAM (Notices to Airmen), portanto a possibilidade de o piloto estar voando mais baixo do que o recomendado pela presença de nuvens, ou temperatura ou mesmo restrição de visibilidade na área que é de Serra era um dos pontos centrais da investigação. O procedimento no aeródromo em que a aeronave deveria pousar é visual.