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Incêndios florestais em todo o Canadá, intensificados pelo aquecimento global, liberaram mais dióxido de carbono que aquece o planeta nos primeiros seis meses de 2023 do que em qualquer ano inteiro registrado, disseram cientistas da União Europeia.

Uma pessoa usa uma máscara facial enquanto a fumaça dos incêndios florestais no Canadá tomava a cidade de Nova York no último dia 7 de junho de 2023. A maior cidade da costa Leste dos Estados Unidos ficou com o céu alaranjado pela fumaça. | ANGELA WEISS/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Centenas de incêndios florestais desde o início de maio geraram quase 600 milhões de toneladas métricas de CO2, equivalente a 88% das emissões totais de gases de efeito estufa do país de todas as fontes em 2021, informou o Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus (CAMS).

Mais da metade dessa poluição de carbono virou fumaça apenas em junho. As emissões desses incêndios florestais são agora as maiores emissões anuais do Canadá nos 21 anos de nosso conjunto de dados”, disse o CAMS em comunicado. O recorde anterior de CO2 lançado por incêndios florestais era de pouco mais de 500 milhões de toneladas, em 2014.

Na terça-feira, os bombeiros estavam combatendo 494 incêndios em todo o país, mais da metade deles classificados como fora de controle, de acordo com o Canadian Interagency Forest Fire Centre.

Alimentados por condições excepcionalmente secas e altas temperaturas, os incêndios eclodiram em grande número a partir do início de maio na parte Oeste do Canadá, expandindo-se nos últimos 50 dias para o Leste até Ontário, Nova Escócia e Quebec.

Globalmente, as florestas desempenham um papel crucial na redução do aquecimento global, absorvendo e estocando o excesso de CO2 – emitido principalmente pela queima de combustíveis fósseis – que está superaquecendo o planeta.

A vegetação e o solo absorveram consistentemente cerca de 30% da poluição de CO2 desde 1960, mesmo quando essas emissões aumentaram pela metade. Quando as florestas queimam, no entanto, todo o carbono armazenado é liberado no ar.

Incêndios no Leste do Canadá enviaram enormes nuvens de fumaça cheia de partículas através do Oceano Atlântico em alta altitude, atingindo as Ilhas Britânicas e a Europa nesta semana. No começo do mês, a fumaça trouxe condições jamais vistas no Nordeste dos Estados Unidos, como em Nova York. Agora, o Norte dos Estados Unidos e o Meio-Oeste, em cidades como Chicago e Detroit, novamente são cobertos pela densa fumaça.

O transporte de fumaça de longo alcance pelos ventos predominantes “não é incomum e não deve ter nenhum impacto significativo na qualidade do ar da superfície na Europa”, disse o cientista sênior do CAMS, Mark Parrington. “Mas é um claro reflexo da intensidade dos incêndios.”

A qualidade do ar em Montreal foi classificada entre as piores do mundo no último final de semana, de acordo com a IQAir. Em todo o mundo, os incêndios florestais em 2021 liberaram cerca de 1,8 bilhão de toneladas de CO2 na atmosfera, em comparação com cerca de 38 bilhões de combustíveis fósseis e da indústria.