Incêndios provocados por uma seca sem precedentes devastam centenas de milhares de hectares na província argentina de Corrientes, causando prejuízos de milhões de dólares e danos ambientais graves, informaram autoridades, produtores e ambientalistas.
O relatório mais recente do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta), de 7 de fevereiro, estimou a área afetada pelo fogo em 520 mil hectares de pastagens e cultivos, aproximadamente 6% do território provincial, uma área equivalente à da Sérvia.
O fogo avança diariamente, consumindo milhares de hectares. Não há registro de vítimas entre os moradores. A associação de produtores Coninagro estimou que 4,2 milhões de dólares foram perdidos no cultivo tradicional de erva-mate, 44,6 milhões em campos de arroz e outros tantos devido à morte de 70.000 cabeças de gado.
O Serviço Nacional de Combate ao Fogo reportou seis grandes focos ativos, em Curuzú Cuatiá, Concepción, San Miguel, Ituzaingó, Santo Tomé, Loreto e Bella Vista, e um já controlado, em Mercedes.
Corrientes, bajo fuego: las llamas avanzan sin freno y destruyen todo a su paso. Temen que los incendios arrasen más de un millón de hectáreas. Un desastre que pone en jaque a la flora y a la fauna de los Esteros del Iberá, uno de los ecosistemas más grandes de la Argentina. pic.twitter.com/MCJVbPpi6C
— TN – Todo Noticias (@todonoticias) February 17, 2022
🔴Los incendios en Corrientes no dan tregua: varios focos llegaron a los ingresos de los Esteros del Iberá
En la provincia ya se quemaron más de 500 mil hectáreas, es decir casi el 6% de todo el terreno de Corrientes. https://t.co/XVNXGZJkTe pic.twitter.com/0a02rpDOmn
— TN – Todo Noticias (@todonoticias) February 16, 2022
Os técnicos do INTA apontaram que de meados de janeiro até agora a área atingida por incêndios rurais aumentou mais de seis vezes: de 80.406 hectares queimados passaram a 518.965 no total.
#Alerta#CorrientesBajoFuego
Los incendios llegaron a los #Esteros del Iberá 🔥🌾
Los especialistas consideran que aún no es posible dimensionar las pérdidas de fauna y flora de uno de los ecosistemas más grandes de la Argentinahttps://t.co/8xQnLy0jzr @ChGaravaglia @NorteCtes pic.twitter.com/1CuwiiCd1P— Walter Verst (@WalterVerst) February 17, 2022
📷Nuestra División Brigada Forestal🚒 se encuentra en #Corrientes, colaborando en el combate de los diversos incendios que afectan la provincia. #BomberosPFA🇦🇷 #VocaciónDeServicio pic.twitter.com/6PwllpOvxu
— Policía Federal Argentina (@PFAOficial) February 16, 2022
#Corrientes Diversas unidades brindaron su apoyo con personal y medios en el combate de los incendios forestales que sufre la provincia, en las zonas de San Miguel, Villa Olivari y Mbarucuyá pic.twitter.com/R4RhAtW5jV
— Ejército Argentino (@Ejercito_Arg) February 13, 2022
A seca começou em meados de novembro, e os incêndios, em dezembro. Localizada entre os rios Paraná e Uruguai, a província registra chuvas inferiores a 10 mm a 15 mm, quando a média para esta época é de até 200 mm. A umidade tem estado ao redor de 15%, quando o normal neste período é de 70%, observou Nicolás Carlino, da Coninagro.
A capital, Corrientes, está coberta de forma intermitente por nuvens de fumaça desde o começo de janeiro, segundo a imprensa local. “É um impacto severo, oriundo do desmatamento, da desertificação e do mau uso da terra, que se soma agora ao novo padrão de chuvas causado pelas mudanças climáticas”, avaliou o ambientalista local Luis Martínez, que atribuiu os incêndios à “imprudência” na queima de pastagens para renovar a terra ou controlar eventuais incêndios.
This morning 16 Feb, #GOES16 #ABI aerosol optical depth (AOD) reveals moderate (teal/yellow shading) to thick (orange/red shading) #smoke in #Paraguay & northern #Argentina from intensifying #wildfires. AOD gaps due to clouds.@metsul @GOESguy @m_parrington @skukicaz @SanGasso pic.twitter.com/fGNjjwVNtM
— AerosolWatch (@AerosolWatch) February 16, 2022
Corrientes já perdeu 60% de seus pântanos, 40% de suas pastagens e 23.000 hectares de florestas nativas, estimou Martínez. A grande maioria dos animais silvestres serão afetados de alguma forma, ameaçando de extinção algumas espécies de aves e répteis, assinalou.
Nos últimos dias, as entidades integrantes da Mesa de Ligação Agrícola estimaram um número semelhante e alertaram que a esse número “devemos somar as grandes perdas por seca e danos irreparáveis que hoje não podem ser calculados”. Só em Corrientes, calculam, há pelo menos 380 mil hectares produtivos queimados – de silvicultura, pecuária, tabaco, agricultura, erva-mate, cítricos, algodão, banana, entre outros – com perdas de mais de 25 bilhões de pesos.
“A situação ainda é complicada. Continuamos com fontes de fogo distribuídas em diferentes locais da geografia provincial, com intensidade diferente, mas a maioria delas bastante importante”, explicou Eulogio Márquez, diretor da Defesa Civil de Corrientes.
“Dias atrás, no apartamento da Mercedes, tivemos que trabalhar intensamente para evitar que o fogo atingisse as casas. Obviamente essa é uma das grandes prioridades: a defesa da vida e da habitação”, acrescentou.
“Agora temos dois focos importantes no departamento de San Miguel. As obras já foram concluídas na cidade de Loreto e ainda há focos florestais em San Antonio, em Santa Julia e também um muito importante em Ituzaingó, onde estão sendo feitas obras para evitar que o fogo se espalhe para as residências e a zona industrial”, informou.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a Argentina em janeiro teve 7199 focos de calor, muitíssimo acima da média histórica mensal de 1648, valor que superou por ampla margem o recorde mensal anterior de 4624 de 2002. Neste mês de fevereiro, até o dia 16, os satélites do Inpe registraram 3037 focos de calor na Argentina, muito acima da média histórica de fevereiro de 1193 e o maior número no mês de toda a série histórica, apesar de fevereiro ainda estar em sua metade, batendo o recorde mensal de 2585 de 2003.