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O Instituto Geral de Perícias divulgou hoje (8) uma análise preliminar das causas do incêndio que destruiu parcialmente o Mercado Público de Porto Alegre na noite de sábado. De acordo com o IGP, um curto-circuito causado por superaquecimento dentro de um restaurante foi a sequência que provocou o incêndio. Os especialistas coletaram material para analisar a origem do aquecimento no estabelecimento a fim de confirmar a causa exata do fogo. “Nós temos uma sequência de eventos. O restaurante em questão aqueceu internamente, ou seja, por um curto ou um equipamento que tenha sido esquecido (…), e esse aquecimento interno rompeu o forro, aqueceu o eletroduto, que dentro tinha o condutor. E esse condutor entrou em curto. E foi aí que o fogo espalhou pelo forro”, afirmou Rodrigo Ebert, perito que liderou os trabalhos no Mercado Público.

O fogo começou depois das 20h no Bar e Choperia Atlântico, que fica no piso superior do Mercado, de frente para a avenida Júlio de Castilhos. De acordo com a perícia, o incêndio se iniciou junto à parede do estabelecimento, perto de uma tubulação de energia elétrica. “Tivemos formação de arco voltaico (curto) tão violenta que fundiu o eletroduto metálico”, relatou o perito. Meios de comunicação e redes sociais deram contas de relatos de que um raio teria atingido o Mercado Público momentos antes do começo do incêndio. Técnicos do Sistema Metroclima em Porto Alegre (foto abaixo) buscaram em parceria com o Centro Integrado de Operações de Porto Alegre (CEIC) imagens das câmeras de monitoramento da meia hora anterior ao início estimado do fogo a fim de identificar se havia algum registro de descarga atmosférica atingindo o prédio.


A sequência de imagens da câmera de monitoramento número 52 do CEIC/PMPA analisada pela equipe técnica do Sistema Metroclima mostra que às 20h16m36s a câmera registra um forte clarão de relâmpago na área do Mercado, mas não se identifica nenhuma descarga atingindo o prédio. Às 20h17m19s, exatos 43 segundos depois do relâmpago, aparece o primeiro sinal de fumaça na parte superior do telhado no setor voltado à estação Mercado do Trensurb (imagem abaixo). Às 20h25m12s surge uma grande concentração de fumaça no mesmo local em que aparece o primeiro sinal de incêndio antes.


As imagens consultadas pelo Sistema Metroclima estão sendo analisadas também pela perícia policial que investiga o caso. Não se identifica após o relâmpago qualquer dano físico ao prédio que pudesse ter sido provocado por um raio. A noite de sábado foi marcada por grande atividade elétrica em Porto Alegre. Dados da rede mundial de monitoramento de raios (abaixo) mostram que houve grande quantidade de descargas no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul, incluindo Porto Alegre.


Não há evidências claras, assim, diante das imagens das câmeras, de um impacto direito de raio no Mercado Público. O Mercado, ademais, está cercado de edifícios mais altos que possuem equipamento de pára-raios. Era a alta a freqüência de relâmpagos antes e durante o incêndio, não sendo possível pelos dados disponíveis hoje se fazer qualquer relação de causa e efeito entre uma eventual descarga atmosférica na área e a origem do sinstro. (Material publicado no site do Sistema Metroclima pelo Meteorologista Luiz Fernando Nachtigall/MetSul Meteorologia com apoio de Alexandre Aguiar/MetSul Meteorologia e Valmor Griebler/CEIC/PMPA)