Um incêndio de grandes proporções destruiu parte do Mercado Público de Porto Alegre na noite de ontem (6). Não foi o primeiro incêndio enfrentado pelo Mercado que é um símbolo da nossa Capital e possivelmente o espaço mais querido da cidade pela população. Em 1912, o fogo destruiu os chalés internos. Em 1941, o Mercado resistiu à grande enchente de abril e maio que inundou as lojas térreas assim como parte do Centro. Houve ainda incêndios em 1972 e 1979. O local chegou a ser até ameaçado de demolição na gestão do prefeito Telmo Thompson Flores, quando cogitava-se avenida, mas foi preservado.


Chamas consumiram parte do Mercado – Fotos de Cristine Rochol/PMPA (acima) e Mauro Scahefer/Correio do Povo (abaixo)

A fumaça do triste incêndio no nosso Mercado Público sábado à noite se espalhou por vários pontos de Porto Alergre. O cheiro de queimado era percebido em locais da cidade tão distantes em relação ao Centro quanto o campus da PUC, na zona Leste. Por que a fumaça se espalhou tanto ? Sondagem atmosférica por balão meteorológico feita no Aeroporto Salgado Filho às 21h, exatamente no momento do auge do incêndio, mostrou forte inversão térmica sobre Porto Alegre. A temperatura era menor em superfície que em toda camada entre 100 m e 800 m de altitude. Fazia 19,6ºC em superfície e 25,4ºC a 250 m de altitude.

De acordo com o meteorologista Luiz Fernando Nachtigall, devido à inversão térmica e pela camada de nuvens baixas, a fumaça não ascendeu muito e acabou por se espalhar horizontalmente, como se houvera um “teto” sobre a cidade. Até choveu no começo do incêndio, mas a chuva intensa, como previsto, só chegou no início do domingo. Lástima que a intensa pancada da uma hora da manhã de hoje não caiu mais cedo, mas a chuva forte do começo da madrugada ajudou a apagar pequenos focos remanescentes de fogo. Mário Quintana dizia que “o Mercado Público é protegido pelos fantasmas do tempo”. Pelo cronológico. E sábado, mesmo tardiamente, também pelo meteorológico.