Áreas de instabilidade muito fortes com registro de tempo severo costumam trazer valores bastante altos de refletividade em imagens de radar meteorológico. A distância dos municípios de Tapejara e Erebango (Norte do Estado) dos radares meteorológicos, contudo, atenua a refletividade nas imagens disponíveis. Isso porque, devido ao ângulo de inclinação da Terra, o alcance do radar não é ilimitado e instabilidade intensa tem sua refletividade reduzida se estiver distante do equipamento. A despeito da grande distância (327 km) do radar de Teixeira Soares (PR), do Instituto Simepar, as imagens mostram valores condizentes com instabilidade/precipitação moderada, o que pela expressiva distância resulta que foi forte.


Nas imagens, aproximadas, vê-se que a tempestade severa que trouxe o tornado para Tajepara avançou de Noroeste para Sudeste. Os maiores valores de refletividade às 5h da manhã estavam na área de Erebango e 15 minutos depois sobre Tapejara. Por isso, nossa crença que o mesmo tornado que atingiu Erebango possa ter alcançado depois Tapejara. É incontroverso que tornados podem percorrer distâncias longas e, em alguns casos, o funil toca o solo para depois retornar ao céu e novamente, na sequência, atingir o solo. Não se observa nas imagens a assinatura tradicional de eco em gancho, comum em tornado, mas a forte instabilidade estava embebida em extensa área sob o registro de precipitação generalizada.


Outro importante indicativo meteorológico de intensa instabilidade na região afetada, por onda passava uma frente fria, foi a grande quantidade de raios registrada no horário do tornado na região. Imagens dos sensores de descargas atmosférica do Instituto Simepar mostram que havia uma grande incidências de raios no final da madrugada no Norte do Rio Grande do Sul.


As cidades de Erebango e Tapejaram tiveram centenas de casas e prédios total ou parcialmente destruídos pelo vento no final da madrugada de sábado. Carros foram virados pelo vento e caminhão chegou a ser arremessado contra uma casa. Em Erebango, um homem morreu. Nas duas localidades do Norte do Rio Grande do Sul se observou um rastro muito bem definido de destruição, característico de tornado. (Com agradecimento para a meteorologista Sheila Paz do Simepar pela colaboração)