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Conflito no Oriente Médio ocorre no momento em que a temperatura do planeta bate recorde e negociações são críticas para fazer frente às mudanças climáticas | MAHMUD HAMS / AFP/METSUL METEOROLOGIA

Além de um saldo aterrador de vítimas, especialmente civis nos dois lados do conflito, uma guerra duradoura entre Israel e o Hamás ameaça prejudicar as negociações em torno das mudanças climáticas agendadas para o próximo mês nos Emirados Árabes Unidos.

Uma preocupação é que as crescentes tensões no Oriente Médio gerem uma corrida para garantir recursos energéticos em detrimento da redução das emissões de carbono. O entendimento é que a guerra deve dificultar a a condução das negociações climáticas no momento em que a redução dos combustíveis fósseis é peça central das discussões.

O início abrupto das hostilidades no Médio Oriente ocorre num momento em que a guerra da Rússia na Ucrânia continua a exercer pressão sobre países distantes dos combates para encontrarem fontes de energia.

O conflito ucraniano prejudicou os esforços para substituir os combustíveis fósseis por energias renováveis, o que ficou evidente nas conversações sobre o clima na COP do ano passado no Egito, quando a obtenção da segurança energética por vezes ofuscou os esforços para reduzir as emissões.

As tensões geopolíticas poderão tornar mais difícil chegar a um acordo sobre temas como a redução da produção e utilização de combustíveis fósseis – especialmente se isso aumentar os preços do petróleo e do gás. O governo do Catar ameaçou suspender as exportações de gás se as hostilidades não cessarem.

Hoje, a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos, a NOAA, informou que setembro marcou mais um mês de temperaturas recordes em todo o mundo, com setembro de 2023 classificado como o setembro mais quente no histórico climático global de 174 anos da agência.

A temperatura de setembro também ajudou a impulsionar 2023 para a liderança como o ano mais quente já registrado, de acordo com cientistas do Centro Nacional de Informação Ambiental (NCEI) da NOAA.

“Setembro de 2023 foi o quarto mês consecutivo de temperaturas globais recordes”, disse a cientista-chefe da NOAA. “Não foi apenas o setembro mais quente já registrado, mas foi de longe o mês mais atipicamente quente de todos os 174 anos do histórico do clima pela NOAA”.

A temperatura média global em setembro foi 1,44ºC acima da média do século 20, classificando-se como o setembro mais quente já registrado. Setembro de 2023 viu a maior anomalia mensal de temperatura global – que indica o quanto as temperaturas são mais altas ou mais frias em relação à média de longo prazo – de qualquer mês já registrado.

Setembro de 2023 marcou o 49º setembro seguido e o 535º mês consecutivo com temperaturas acima da média do século 20. África, Europa, América do Norte e América do Sul tiveram o setembro mais quente já observado. A Ásia teve o segundo setembro mais quente, enquanto o setembro na Oceania foi o terceiro mais quente já anotado.