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Fumaça causa crise de saúde e ambiantal no Amazonas | MICHEL DANTAS/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A fumaça persiste na cidade de Manaus em mais um dia de péssima qualidade do ar em níveis insalubres na capital do Amazonas. A visibilidade horizontal no aeroporto da cidade na tarde desta sexta-feira era de apenas 1500 metros pela presença de fumaça. No começo da manhã de hoje, a visibilidade era de tão-somente mil metros.

Pessoas apresentam problemas de saúde como dores de cabeça, problemas respiratórios e vômitos. As autoridades dizem que a fumaça se origina de municípios ao redor de Manaus como Careiro e Autazes, causada por agropecuaristas que promovem queimas ilegais.

Os moradores de Manaus enfrentavam na tarde de hoje temperatura de 37ºC, umidade na casa de 70% e ainda a densa fumaça. A cidade entrou em estágio de mobilização por conta da má qualidade do ar e caminhões molham ruas e canteiros para atenuar o calor e o risco de fogo. O estágio de mobilização é classificado como o segundo nível, em uma escala de cinco, e significa que há riscos de ocorrências de alto impacto na cidade.

A prefeitura de Manaus está orientando a população a adotar medidas de proteção simples na rotina das famílias. A proteção individual pode ser feita com uso de máscaras, hidratação oral, consumo reforçado de líquidos, principalmente água, e a lavagem dos olhos e do nariz, usando-se soro fisiológico para evitar o ressecamento e o agravamento de quadros de irritação. No ambiente doméstico, é importante o uso de umidificadores, vaporizadores ou de uma bacia com água para deixar os cômodos mais úmidos.

Hoje, o governo federal apresentou ações para enfrentar a crise ambiental no Norte do Brasil. Foram identificados três fatores para a situação atual no Amazonas: estiagem intensa pelo El Niño; a presença de volumosa quantidade de matéria orgânica ressequida; e a prática de iniciar incêndios intencionalmente, tanto em propriedades particulares quanto em áreas públicas

O Ibama divulgou imagem que mostra a enorme quantidade de focos de incêndio na área metropolitana de Manaus e que levou a fumaça para a capital. A imagem foi obtida pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), responsável por monitorar a área.

IBAMA

A fim de fazer frente à crise ambiental, o governo federal anunciou a mobilização de 289 brigadistas, com um reforço adicional de 149;  doação de 200 kits de equipamentos para os brigadistas; disponibilização de helicópteros; campanha para prevenção de incêndios florestais; intensificação das ações de fiscalização e proteção aos infratores; e apoio com uma equipe especializada para o resgate de animais afetados.

O estado do Amazonas já registra o outubro com mais queimadas desde o começo das medições por satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais em 1998. O número de focos de calor nestas duas primeiras semanas de outubro está muitíssimo acima do normal.

De acordo com os dados do Inpe, o número de focos de calor observados no estado do Amazonas pelo monitoramento de satélites entre os dias 1º e 12 de outubro foi de 2.770. O  número supera o recorde estadual para outubro de 2.409, em outubro de 2009 e está muito acima da média histórica mensal 1998-2022 de 1.313 focos de calor.

Setembro já tinha sido um mês com números excepcionalmente altos de queimadas no estado do Amazonas. O monitoramento por satélite do Inpe mostrou que no último mês o Amazonas teve 6.991 focos de calor, o segundo pior setembro já observado em queimadas, apenas atrás de setembro de 2022 com 8.659 focos de calor. Setembro de 2023, assim, teve mais que o dobro da média histórica mensal de focos de calor que é de 3.003.

Os piores dias de queimadas neste mês no estado do Amazonas até agora foram o domingo (8) e a terça-feira (10). No domingo, o monitoramento do Inpe apontou em único dia 656 focos de calor no estado. Na terça, segundo pior dia de fogo até agora neste outubro, foram 504 focos de calor.