O sábado foi de forte calor, abafamento e mais uma vez de temporais no Rio Grande do Sul. Na rede do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a temperatura alcançou 37,8ºC em São Borja. Estação particular em Santa Rosa acusou 38,4ºC de máxima. Áreas de forte instabilidade associadas ao calor e à umidade provocaram temporais em diversas regiões do Estado. Em Bagé, choveu forte e o vento atingiu 90,3 km/h. Em Dom Pedrito, o sábado teve 80 mm de chuva, sendo 40 mm em só uma hora. Já em Arroio Grande, a chuva intensa da noite do sábado provocou alagamentos na cidade e a água invadiu casas.


Sequência de fotografias mostra a chegada do temporal na cidade de Bagé no final da tarde do sábado – Thaís França


Avanço da nuvem de tempestade ontem à tarde no município de Piratini, no Sul do Rio Grande do Sul – Luiz Fernando Taddei


Forte abafamento formou instabilidade na Serra Gaúcha e trouxe uma nuvem de temporal em Veranópolis – Pedro Barth Moré


Porto Alegre teve chuva de verão passageira acompanhada de raios após tarde de forte abafamento – Fernando Mainar


Final do sábado foi marcado por forte tempestade elétrica em Candelária, no Vale do Rio Pardo – Misael Bandeira Silveira

Se na sexta-feira, os estragos na Grande Porto Alegre foram causados por vento com força destrutiva, caso de Novo Hamburgo, no sábado o problema foi o granizo. Temporal com granizo atingiu Sapucaia do Sul, Gravataí, Cachoeirinha e Alvorada. As pedras tiveram diâmetro médio, capazes de gerar danos em casas e automóveis. E houve registros de estragos. Em Alvorda, as pedras de gelo tiveram tamanho até de ovo, o que causou danos em diversos bairros. Segundo o jornal O Alvoredense, telhados foram quebrados e, em alguns casos, o granizo perfurou até o forro, pararando nos cômodos das casas.


Leitor da MetSul Daniel Dias fotografou o granizo que caiu no bairro Morada do Vale 1, na cidade de Gravataí


Na cidade deCachoeirinha, também as pedras de gelo que caíram na tarde de sábado também foram grandes – Vanessa Bins


O granizo que caiu ontem em Sapucaia do Sul chegou a provocar danos em telhados em partes da cidade – Dieison Vedoy


Pedras de gelo chegaram a ter tamanho de ovos na cidade de Sapucaia do Sul no forte temporal de ontem – Tiago Tomasel

Áreas de instabilidade formada pelo ar quente e úmido atingiram a maioria das regiões gaúchas na tarde  e noite deste sábado. Em Passo Fundo, no Planalto Médio, também caiu granizo, mas miúdo. Leitores e seguidores da MetSul Meteorologia nas redes sociais por todo o Estado fizeram fotografias do mau tempo e nos enviaram, e o resultado está na galeria abaixo.

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Em São Paulo, o extremo do tempo ficou pelo calor e com marca histórica. A máxima de 35,8ºC (automática acusou 35,9ºC) na estação do Inmet no Mirante de Santana foi a maior observada no mês de fevereiro desde o começo dos registros no local em 1943. Antes, a máxima absoluta do mês era 34,7°C em 03/02/1984. A máxima deste sábado encabeça o ranking das mais altas marcas na capital paulista no segundo mês do ano: 35,8ºC (01/02/2014), 34,7ºC (03/02/1984), 34,4ºC (07/02/1947), 34,2ºC (05/02/1971 e 25/02/2003), 34,0ºC (04/02/1998, 10/02/2003, 07/02/2012, 29/02/2012 e 18/02/2013). Foi ainda a sexta maior máxima já anotada para qualquer mês do ano desde o começo dos registros em 1943: 37,0°C (20/01/1999), 36,7ºC (19/01/1999), 36,6ºC (31/10/2012), 36,1ºC (30/10/2012), 35,8ºC (01/02/2014), 35,7ºC (03/12/1998), 35,6ºC (10/10/2002 e 11/10/2002) e 35,4°C (03/01/2014). A umidade medida às 16h foi a menor já anotada em fevereiro na série 1961-2014, igualando a marca 22 de fevereiro de 1982 (série disponível de dados 1961-2014). O tempo seco e quente do fim de semana levou muita gente ao litoral de São Paulo e a praia estava cheia em Santos (foto abaixo do leitor Kadu Llorens).


Se São Paulo tem recorde de calor, prepare-se para o que vem esta semana aqui no nosso Rio Grande do Sul e no Sul do Brasil. Sem exagero, serão dias de castigar ! Não temos qualquer dúvida em afirmar que será uma das semanas mais quentes da história do nosso Estado, batendo fácil em intensidade o calor do final de dezembro e das ondas de calor do mês de janeiro. Será um período quente típico das ondas de calor históricas em grades cidades australianas, como Melbourne e Sidney, com máximas à sombra de 41ºC a 43ºC. Pior, será uma longa sequência de dias com máximas acima de 40ºC. O primeiro domingo deste fevereiro que promete ser tórrido, talvez o mais quente da história climática do Estado, batendo o recorde mensal de 1984 e 2010 em Porto Alegre, marcará o começo desta nova fase da onda de calor. Hoje as máximas no Estado ficam entre 38ºC e 40ºC, sobretudo no Centro e no Oeste, incluindo a região de Porto Alegre e a área metropolitana.


O reforço de ar quente é proporcionado por uma corrente de jato em baixos níveis da atmosfera que começa na Bolívia e avança pelo interior do continente até o Uruguai e o Rio Grande do Sul. Este “jato” fica muito nítido no mapa (Earth) acima com as correntes de vento em 850 hPa (1500 metros de altitude). Se por um lado a corrente de jato traz ar mais seco e quente para o Estado, com acentuada elevação da temperatura, por outro vai alimentar com energia a forte instabilidade sobre o Uruguai hoje, gerando intensa chuva e tempestades severas (com potencial de danos) localizadas. No território gaúcho, devido à infiltração de ar mais seco e quente de Norte, o vento sopra do quadrante Norte hoje, até com rajadas em alguns locais. Pela menor umidade na atmosfera, o risco de temporais da tarde para a noite aqui diminui bastante em relação a sexta-feira e ontem e tendem a ser muito mais localizados, com maior risco principalmente no Sul e no Sudoeste do Estado.