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Imagem feita no último dia 5 mostra a bióloga marinha Anne Hoggett inspecionando e registrando corais branqueados e mortos ao redor da Ilha Lizard, na Grande Barreira de Corais, localizada 270 quilômetros ao Norte da cidade de Cairns. A espetacular Grande Barreira de Corais da Austrália está passando pelo branqueamento mais generalizado já registrado, com 73% dos recifes pesquisados danificados. | DAVID GREY/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A Grande Barreira de Corais da Austrália sofre o mais grave branqueamento jamais registrado e 73% dos recifes estudados apresentam danos, informaram na quarta-feira as autoridades responsáveis pela gestão do ecossistema. O evento ocorre em meio a um episódio em massa de branqueamento de corais no mundo declarado pela agência de clima dos Estados Unidos (NOAA), como consequência do superaquecimento dos oceanos.

Considerada o maior organismo vivo da Terra, a Grande Barreira de Corais tem 2.300 quilômetros de extensão e abriga uma enorme biodiversidade, incluindo mais de 600 tipos de coral e 1.625 espécies de peixes. Mas avaliações aéreas efetuadas pelos cientistas mostram que cerca de 730 dos mais de 1.000 recifes que compõem a Grande Barreira perderam cor, segundo as autoridades do governo australiano.

“Os impactos acumulados experimentados ao longo do recife neste verão foram mais altos do que em verões anteriores”, indicou a Autoridade do Parque Marinho em um comunicado, no qual alerta que o verão de 2023-2024 foi o segundo mais quente já registado na região.

Este é o quinto branqueamento em massa dos recifes da Grande Barreira nos últimos oito anos. O branqueamento ocorre quando o coral, para sobreviver nas altas temperaturas, expele uma alga microscópica chamada zooxanthellae. Caso o calor persista, o coral perde cor e morre.

O cientista-chefe da Autoridade do Parque Marinho, Roger Beeden, afirmou que a mudança climática representa a maior ameaça aos recifes de corais no mundo. “A Grande Barreira de Corais é um ecossistema incrível e, embora tenha mostrado resiliência uma e outra vez, este verão foi particularmente difícil”, indicou.

Richard Leck, diretor da divisão de oceanos da organização ambientalista WWF Austrália, disse à AFP que o branqueamento afetou uma extensão “sem precedentes” do recife, em particular em áreas que anteriormente haviam escapado de outros períodos de branqueamento em massa. “Este é o pior episódio que o recife do sul já sofreu”, disse.

Jornalistas da AFP visitaram este mês uma das áreas mais impactadas da Grande Barreira de Corais. A ilha do Lagarto, um pequeno paraíso no extremo Nordeste da Austrália, que geralmente é repleto de vida corais, parecia um cemitério.

A bióloga marinha Anne Hoggett, que viveu e trabalhou por 33 anos na ilha do Lagarto, conta que, quando chegou pela primeira vez ao local, o branqueamento dos corais ocorria mais ou menos a cada década.

Agora, ele acontece a cada ano, afirmou, e cerca de 80% dos corais acropora vulneráveis de ilha sofrem com o branqueamento neste verão. “Ainda não sabemos se já sofreram danos demais para se recuperarem ou não”, indicou Hoggett à AFP. Leck, da WWF, afirmou que é necessário aguardar alguns meses para determinar qual será a “mortalidade dos corais”.

A Austrália investiu cerca de 5 bilhões de dólares australianos (pouco mais de R$ 16 bilhões) para melhorar a qualidade da água e reduzir os efeitos da mudança climática, de forma a proteger as espécies. O país é um dos maiores exportadores mundiais de gás e carvão, e apenas recentemente estabeleceu metas para alcançar a neutralidade de carbono. A Unesco vai avaliar este ano se esses esforços são suficientes para que o recife preserve sua condição de Patrimônio Mundial.

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