Vizinhos observam equipes de resgate de diferentes instituições de combate a incêndios e da Cruz Vermelha recuperarem um corpo nas margens do rio Tuy dias após um deslizamento de terra devastador na cidade venezuelana de Las Tejerias | YURI CORTEZ/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Depois de quatro dias de buscas, a esperança se esvai. Autoridades da Venezuela já calculam uma centena de mortos no maior deslizamento de terra em décadas no país, ocorrido na pequena cidade de Las Tejerías, com 43 corpos encontrados e mais de 50 desaparecidos, cuja sobrevivência está descartada.

A tragédia aconteceu após três horas de chuvas intensas que começaram na tarde de sábado. Vários rios transbordaram, carregando sedimentos, pedras e árvores do alto da montanha. Árvores gigantescas foram varridas pela pior enchente que a região viveu em 30 anos, cortando a estrada principal da cidade. Carros e fragmentos de casas também foram arrastados pela corrente, que subiu até seis metros nas estruturas mais próximas ao leito do rio.

A vice-presidente venezuelana Delcy Rodríguez informou que “o número de mortos que encontramos chega a 43”. “E ainda há um número importante de desaparecidos de 56”, destacou o presidente Nicolás Maduro, no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas. “Estamos chegando a quase uma centena de vítimas fatais dessa tragédia, desse desastre natural”, lamentou.

Cerca de 3.000 efetivos, incluindo policiais, militares e membros da Defesa Civil, coordenam esforços com moradores para escavar a massa de lama, galhos de árvores e pedras, após o deslizamento do último sábado. Os agentes concordam, no entanto, que dificilmente encontrarão sobreviventes.

A Venezuela sofre neste ano com uma temporada de chuvas atípica, que se estendeu por praticamente todo o ano devido ao fenômeno La Niña, ondas tropicais e as consequências do furacão Julia. Delcy Rodríguez informou que a avenida principal de Las Tejerías foi desbloqueada, e que o serviço elétrico foi 95% recuperado, bem como o telefônico.

O presidente Maduro, que decretou três dias de luto nacional, visitou a área do desastre ontem e prometeu reconstruir casas e o comércio em áreas não vulneráveis às cheias dos rios. “Tejerías vai renascer da dor, da tragédia, do desastre, e voltará a brilhar em vida, em paz”, declarou hoje.

Bombeiros procuram vítimas ou sobreviventes entre os escombros de casas destruídas após um deslizamento de terra em Las Tejerias, estado de Aragua, na Venezuela. Ao menos 36 pessoas morreram e mais de 50 ainda estão desaparecidas após o transbordamento de um rio que causou um deslizamento de terra no mais recente desastre mortal a atingir o país. | MIGUEL ZAMBRANO/AFP/METSUL METEOROLOGIA 

Um homem com sua bicicleta passa na frente de carros empilhados pela inundação numa montadora de veículos após um deslizamento de terra durante fortes chuvas em Las Tejerias, estado de Aragua, Venezuela | YURI CORTEZ/AFP/METSUL METEOROLOGIA 

Vista aérea da zona afetada por um deslizamento de terra durante fortes chuvas em Las Tejerias, estado de Aragua, Venezuela, nesta segunda-feira. O deslizamento no centro da Venezuela deixou dezenas de mortos pelo balanço oficial. | YURI CORTEZ/AFP/METSUL METEOROLOGIA 

O deslizamento de terra em Las Tejerías foi o pior desastre natural ocorrido neste século na Venezuela. O governo instalou abrigos em Maracay, capital do estado de Aragua, e anunciou a distribuição de 300 toneladas de alimentos. Centros de coelta foram instalados em todo o país para arrecadar doações.

O maior deslizamento da história recente da Venezuela é conhecido como a “Tragédia de Vargas”, em dezembro de 1999, quando cerca de 10 mil pessoas morreram. Cerca de 100 morreram em 1987 em El Limón, também em Aragua, e no ano passado, 20 no estado andino de Mérida.