Segundo ciclone tropical da temporada do Atlântico Norte, de nome Bonniel, pode avançar junto às costas dos países ao Norte da América do Sul nesta semana e pode até atingir o status de furacão nos litorais da Venezuela e do Caribe colombiano | LIONEL CHAMOISEAU/AFP/METSUL METEOROLOGIA/ARQUIVO

Um furacão pode se formar nesta semana ao Norte da América do Sul, na parte mais ao Sul do Caribe, de acordo com as projeções de alguns modelos. O Centro Nacional de Furacões (NHC), dos Estados Unidos, estima em 70% a probabilidade de formação de um ciclone tropical durante os próximos dias a partir de uma onda tropical que avança pelo Atlântico Norte e é designada de Invest 94.

Se as projeções se confirmarem, e o sistema se converter em tempestade tropical ou furacão, o ciclone receberá o nome de Bonnie, o segundo a ser nomeado na atual temporada de furacões que teve início em 1º de junho e vai até o dia 30 de novembro. O primeiro sistema nomeado foi Alex, que se formou na primeira semana do mês a Leste da Flórida, depois de ter cruzado pelo estado norte-americano com chuva extrema e inundações na região de Miami.

O meteorologista Jeff Masters, da Universidade de Yale, especialista em Meteorologia tropical, destaca que as condições são “excepcionalmente favoráveis” para a formação de Bonnie na parte Sul do Caribe nos próximos dias pelas temperaturas da superfície do mar muito elevadas e próximas a 28ºC, cisalhamento (divergência) de vento leve de 5 a 10 nós e uma atmosfera úmida com umidade relativa de nível média de 70 %.

“Junho é incomumente cedo para ver um sistema como este na chamada Região Principal de Desenvolvimento (MDR) para furacões, entre a costa da África e a América Central, incluindo o Caribe)”, destaca Masters. Esta parte do Atlântico Norte, conhecida como MDR, é como se fosse o “berço dos furacões” do Atlântico Norte.

O meteorologista de Yale observa que normalmente em junho o padrão de vento divergente é muito alto e as temperaturas do oceano geralmente são marginais, o que não favorece que se formem furacões. Jeff Masters destaca que está onda tropical se desloca muito ao Sul, evitando o ar seco ao Norte e a poeira do Saara que frustraria a formação de um ciclone tropical. Ressalta ainda que há muito pouco vento divergente no seu caminho, o que cria o ambiente favorável à formação de um ciclone tropical.

Os dados dos modelos indicam que Bonnie poderia se formar sobre o Atlântico logo ao Norte do estado brasileiro do Amapá, da Guiana Francesa e o Suriname, movendo-se para Oeste. Ao chegar na costa da Venezuela e da Colômbia, no meio da semana, entre quarta e quinta, o sistema pode ser uma forte tempestade tropical ou mesmo um furacão. Na sequência, o sistema rumaria como um furacão em direção à América Central.

Em 172 anos de registros da NOAA, apenas quatro tempestades tropicais foram identificadas na Zona de Formação Principal (MDR) durante junho: uma tempestade sem nome de 1933, Ana (1979), Bret (2017) e Elsa (2021). Ana e Bret chegaram às Antilhas como tempestades tropicais e se dissiparam logo depois.

Já Elsa se fortaleceu em um furacão de categoria 1 ao cruzar as Ilhas de Barlavento (tornando-se o primeiro furacão a atingir Barbados em qualquer época do ano desde Janet em 1955). Atravessou o Caribe e atingiu Cuba e Flórida como uma tempestade tropical, causando danos estimados em US$ 1 bilhão ao longo de sua trajetória prolongada.

O sistema de 1933 foi o mais forte deste pequeno grupo, atingindo Trinidad e o Nordeste da Venezuela como um furacão de categoria 1 em 2 de julho e atingindo a costa Oeste de Cuba e o nordeste do México como um furacão de categoria 2.