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A depressão tropical Julia se dissipou nesta segunda-feira no Oeste da Guatemala, perto do México, após deixar 11 mortos e oito desaparecidos na América Central e causar inundações e danos materiais, segundo informações oficiais. O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) apontou que Julia se transformou em uma perturbação tropical por volta das 18h, mas alertou que o risco de chuva intensa e inundações segue.

Uma mulher observa os danos em sua casa após a passagem da tempestade tropical Julia, em Antiguo Cuscatlan, El Salvador, nesta segunda-feira. Julia foi rebaixada para uma depressão tropical depois de deixar seis pessoas mortas em El Salvador e Honduras e inundações e propriedades danos na Nicarágua, Guatemala e Panamá. | MARVIN RECINOS/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Cinco soldados do Exército que apoiavam ações de segurança em El Salvador morreram na queda de um muro onde se protegiam da tempestade, confirmou o ministro da Justiça e Segurança, Gustavo Villatoro. O incidente ocorreu em Comasagua, a 30 km da capital. A Polícia de El Salvador noticiou no Twitter que “ao menos duas pessoas morreram soterradas”, após o desabamento de um muro que destruiu uma casa em Guatajiagua.

O vice-ministro salvadorenho do Interior, Raúl Juárez, informou que outras duas pessoas morreram em diferentes casos relacionados às chuvas causadas por Julia no departamento de Sonsonate, sudoeste do país. Em Honduras, Wilmer Wood, prefeito da cidade de Brus Laguna, no departamento de Gracias a Dios destacou que duas pessoas morreram depois que uma lancha virou em meio à passagem de Julia. Uma pessoa está desaparecida.

No norte da Guatemala, cinco membros de uma família ficaram soterrados nos escombros de sua casa em uma aldeia indígena devido a um deslizamento de terra e socorristas trabalhavam para resgatar os corpos, informou a Coordenadoria para a Redução de Desastres (Conred), segundo a qual dois homens estavam desaparecidos na mesma região desde que foram arrastados por um rio.

O ciclone tocou a terra na costa caribenha da Nicarágua na madrugada de ontem, como furacão de categoria 1. Em seguida, passou para El Salvador, país onde causou a maioria das mortes. Julia deixou El Salvador e entrou como depressão tropical nesta manhã no Leste da Guatemala, onde começou a perder força, até se dissipar pela tarde em uma área montanhosa do Oeste.

Sem dormir

“Foi um dilúvio com fortes ventos, que nos manteve sem dormir e nos deixou sem eletricidade”, declarou à AFP Marina Pacheco, moradora do departamento de Usulután, em El Salvador. O governo salvadorenho habilitou 81 abrigos em todo o país, onde mil pessoas estão protegidas em diferentes áreas.

Bombeiros Voluntários resgatam um cachorro após ficar preso nas inundações na passagem da tempestade tropical Julia, em Coban, Guatemala, nesta segunda-feira | BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DA GUATEMALA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Membros de equipe de resgate limpam a estrada de acesso ao local onde cinco soldados foram mortos por um deslizamento de terra na passagem da tempestade tropical Julia, em Comasagua, El Salvador | MARVIN RECINOS/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Membros das forças armadas salvadorenhas caminham na área onde cinco soldados foram mortos por um deslizamento de terra após em Comasagua | MARVIN RECINOS/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Moradores caminham por uma área inundada em uma plantação nos antigos campos de banana do município de El Progreso, departamento de Yoro, Honduras, após o transbordamento do rio Ulua devido às chuvas deixadas pela tempestade tropical Julia | WENDELL ESCOTO/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O prefeito da cidade de San Miguel, Wilfredo Salgado, pediu à população de uma comunidade local “que não coloque sua integridade física em risco”, depois que o rio Grande transbordou e causou inundações.

Danos à infraestrutura

Da Guatemala ao Panamá, autoridades relataram transbordamento de rios, danos a casas e estradas e pontes total ou parcialmente destruídas. O governo da Nicarágua declarou alerta vermelho após os danos causados por Julia na passagem pelo território, incluindo transbordamento de rios, danos a casas, estradas, escolas e infraestruturas de comunicação.

A vice-presidente Rosario Murillo anunciou que Julia deixou 7.500 desabrigados, 3.000 casas inundadas, outras 2.000 com telhados danificados pelos ventos, 78 rios transbordados e muros desabados. O presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, suspendeu as aulas e decretou estado de calamidade por 30 dias, que o Congresso unicameral deve aprovar. Segundo a Defesa Civil, os danos a estradas e pontes afetam a mobilidade de 166.000 pessoas. Julia é o segundo furacão da temporada de 2022 a afetar a América Central.

No fim de 2020, os furacões Eta e Iota deixaram 200 mortos na região. As mudanças climáticas provocam um aumento da temperatura dos oceanos nas camadas mais próximas da superfície, o que gera tempestades e furacões mais poderosos e com precipitações mais intensas, segundo os especialistas.