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A Flórida está acostumada a furacões, correto? Sim, o estado do Sul norte-americano costuma ser atingindo por furacões, não raro mais de uma vez por ano. A grande maioria dos ciclones tropicais é de categoria 1 a 3 ou tempestades tropicais, que é o estágio anterior a furacão, mas sistemas com categorias 4 ou 5 são raros.

Ian atingiu categoria 4 na escala Saffir-Simpson na manhã desta quarta-feira e dados coletados pela sonda lançada de um avião caça-furacões da NOAA mostrou que os seus ventos sustentados estavam no topo da categoria 4, quase no limite da categoria 5 que é o máximo da escala dos furacões no Atlântico.

De acordo com o meteorologista Philip Klotzbach, da Universidade do Colorado, um expert na história de furacões, Ian atualmente tem vento máximo sustentado de 250 km/h e na estatística histórica somente o furacão Michael (2018) teve ventos máximos iguais ou superiores a este patamar tão tardiamente no ano no Golfo do México. Os ventos máximos de Michael atingiram 257 km/h, uma vez que atingiu categoria 5 brevemente antes de tocar terra.

Segundo o especialista, a intensidade atual de Ian de 250 km/h é a mais forte para um furacão no Atlântico tão tardiamente no calendário desde Iota (2020), que também teve ventos de 250 km/h.

O meteorologista da Universidade do Colorado relacionou o histórico de furacões de categoria 4 ou 54 que tocaram terra na Flórida desde 2019 e que mostra como Ian é um furacão incomum mesmo para uma região acostumada a furacões.

Desde 1919, somente 14 furacões categorias 4 ou 5 tocaram terra no estado norte-americano da Flórida. Destes, cinco se deram apenas no intervalo entre os anos de 1945 e 1950. Embora o banco de dados oficial de furacões da NOAA remonte a 1851, as intensidades de furacões na Flórida são provavelmente subestimadas antes de 1900 devido à população escassa.

O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos adverte que Ian pode ter consequências “catastróficas” na Flórida. Com ventos sustentados de 250 km/h e rajadas mais altas, Ian se dirige para a costa Oeste da Flórida, onde deve tocar terra entre a tarde e a noite de hoje.

O furacão, então, deve então se mover para o interior da península e enfraquecer antes de voltar para o mar na costa Leste do estado, a Sudeste dos Estados Unidos, rumando depois mais fraco para a Geórgia ou a Carolina do Sul. Ao cruzar pela Flórida, o furacão deve castigar a região de Orlando com vento destrutivo e chuva extraordinária.

Os modelos projetam chuva acima de 500 mm para muitos pontos da faixa central da Flórida com acumulados em alguns pontos de 800 mm a 1000 mm. São volumes absurdamente altos que levaram a Meteorologia dos Estados Unidos a emitir os mais altos níveis de advertências para inundações.

“É uma grande tempestade”, disse o governador da Flórida, Ron DeSantis, em entrevista coletiva nesta quarta-feira, alertando que Ian pode chegar à costa como um furacão até de categoria 5. “Claramente, este é um furacão muito poderoso que terá consequências de longo alcance”, disse ele. O presidente Joe Biden, que já aprovou ajuda federal de emergência para 24 dos 67 condados da Flórida, alertou que Ian “poderia ser um furacão muito violento, cujo impacto seria devastador e com risco de vida”.

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