Bombeiros combatem um incêndio florestal em Orjais, município da Covilhã, no Centro de Portugal, na terça-feira. Um enorme incêndio que durou uma semana em um parque natural designado pela UNESCO que tinha sido controlado se reativou com o vento | PATRÍCIA DE MELO MOREIRA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Mais de 1.200 bombeiros lutavam nesta quarta-feira contra o incêndio da Serra da Estrela, no Centro de Portugal, declarado controlado na semana passada e que recomeçou, reavivado pelo vento. Os bombeiros, apoiados por 340 veículos e 14 meios aéreos, tentavam “estabilizar o fogo” antes de sexta-feira, quando a Meteorologia prevê um novo aumento da temperatura, explicou o comandante da Proteção Civil, André Fernandes.

“Noventa por cento do perímetro foi controlado”, acrescentou Fernandes. “É o caos”, declarou uma moradora de Orjais, perto do parque natural de Serra da Estrela, ao falar sobre o incêndio iniciado em 6 de agosto. “O fogo chegava por todos os lados”, disse Fátima Cardoso, que viu a aproximação das chamas de sua residência na terça-feira.

O incêndio deixou 24 feridos, três em estado grave, e 45 pessoas foram retiradas da região de maneira preventiva. O incêndio, o maior no verão em Portugal, queimou 25.000 hectares, mais de 10.000 desde segunda-feira, de acordo com os dados provisórios do sistema europeu de informações sobre incêndios.

O último balanço do Instituto português para a Conservação da Natureza e Florestas afirma que desde o início do ano cerca de 92.000 hectares queimaram no país, o que representa a segunda maior superfície desde os violentos incêndios de 2017, que deixaram mais de 60 mortos.

O cheiro da fumaça dos grandes incêndios de Portugal chegou a Madri, na Espanha, informaram os serviços de emergência espanhóis, em um momento em que ambos os países lutam contra as chamas. “Durante a manhã recebemos no Madri-112 muitas ligações de cidadãos assustados com o forte odor de fumaça. Trata-se de um incêndio em Portugal”, informou no Twitter o serviço de emergências da região madrilenha (112).

Uma imagem de satélite divulgada por esta fonte, que recebeu 380 ligações, mostra uma coluna de fumaça a mais de 300 quilômetros que separam o incêndio de Portugal e a capital espanhola. Os dois países combatem grandes incêndios florestais que já consumiram mais de 15 mil hectares no parque natural português Serra da Estrela, e 10 mil na província espanhola de Alicante.

O fogo de Valle d’Ebo, em Valência, começou com um raio que caiu na noite de sábado e seguia fora de controle. Se alastrou rapidamente, com a ajuda de ventos fortes, e obrigou mais de 1.500 moradores a deixarem suas casas, informou o governo regional.

“A situação meteorológica é muito adversa”, com fortes ventos oscilantes, e “é primordial garantir a máxima segurança às pessoas”, disse o presidente da região, Ximo Puig, em declarações. Em outro incêndio na região, entre 11 e 14 passageiros ficaram feridos, três gravemente, quando o trem em que viajavam se deparou com as chamas, segundo as autoridades locais. “Há três feridos graves por queimaduras”, indicou a secretaria de Saúde do governo valenciano, especificando que um deles teve que ser transferido de helicóptero para o hospital.

De acordo com os últimos dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), os incêndios queimaram mais de 270.000 hectares este ano na Espanha, o país mais afetado da Europa. Os incêndios na Espanha foram especialmente devastadores este ano, pois destruíram até agora em 2022 mais que o triplo da área queimada em todo o ano de 2021, quando 84.827 hectares arderam. Portugal registrou este ano 195 incêndios, que destruíram 84.717 hectares, segundo dados do EFFIS.