Não foi à toa que sobraram imagens de pôr do sol no site e nas nossas redes sociais durante o fim de semana. Os finais de tarde foram mais bonitos que o habitual com o sol mais realçado e com cores mais fortes no horizonte (foto de Luiz Fernando Ambos em Barão do Triunfo). Mas isso não foi obra do acaso. Há uma razão para tanto. Esta foi a presença de fumaça no ar.


A imagem de satélite abaixo da NASA mostra nitidamente como a fumaça de queimadas da Amazônia, do Centro-Oeste e Bolívia avançou até o Estado. A concentração maior de fumaça se observa na Metade Oeste gaúcha. Como a fumaça chegou aqui vinda de tão longe? Não é a primeira vez e nas vezes passadas também ocorreu nesta época. Neste fim de semana atuava uma corrente de jato (vento) em baixos níveis da atmosfera, a cerca de 1500 metros de altitude, que se originava na Bolívia. Este jato de baixos níveis (JBN) não só gerou o vento Norte como trouxe ar muito quente de Norte e junto a fumaça.


A fumaça prejudicou a qualidade do ar no Rio Grande do Sul durante o domingo. O mapa abaixo com os índices de dióxido de nitrogênio, gerado a partir de dados de um satélite da NASA de monitoramento de aerossóis, indicava uma concentração maior sobre o Rio Grande do Sul que normalmente não se observa. Dados de superfície confirmam. Estações de monitoramento da qualidade do ar na Grande Porto Alegre acusaram domingo índices apenas regulares, quando o normal para o dia é boa qualidade do ar por conta do menor tráfego de automóveis e a redução da atividade industrial. O IQAr (valores entre 0 e 50 indicam boa qualidade do ar e de 50 a 100 só regular) foram de 60 em Canoas, 55 em Esteio e 74 em Guaíba.


Mas esta é situação temporária e que não terá continuidade nesta semana. Com o ingresso de uma massa de ar frio entre hoje e amanhã, as correntes de vento atuando na atmosfera sobre o Rio Grande do Sul mudam e o vento deixará de soprar de Norte para soprar de Oeste e depois Sul. Com isso, a fumaça das queimadas do Norte do Brasil deixará de alcançar o Estado.