Depois do último fim de semana de 2014 com muita chuva e temporais no Estado, o que trouxe estragos e uma morte, o Rio Grande do Sul voltou a experimentar tempo severo no período da virada do ano com muita chuva e temporais, como alertávamos. O último dia de 2014 teve alternância de sol e chuva isolada na Capital e no Litoral Norte, mas à noite o tempo estava bom na hora da virada. No Norte e no Noroeste do Estado, entretanto, a mudança de ano foi de muita chuva e temporais pela formação de um complexo convectivo de mesoescala que trouxe acumulados de chuva muito altos de 100 a 150 mm (média de chuva do mês inteiro) em diversas cidades destas regiões em curto período, o que causou alagamentos.



Fim de tarde do último dia de 2014 foi um espetáculo de cores no céu de Porto Alegre – Sérgio Ordobás


Nuvens de grande desenvolvimento na região da Capital traziam pancadas isoladas no dia 31 – Guilherme Santos



No último entardecer de 2014 foi possível contemplar o pôr do sol no Guaíba na Capital – Fernando Mainar

Ontem, no primeiro dia do ano, exatamente como alertado, a chuva se generalizou pelo Estado e foi intensa com temporais em várias regiões. Ontem à noite, quase 300 mil pessoas estavam sem luz em suas casas no Rio Grande do Sul por conta das tempestades que avançavam pelo Estado acompanhando frente fria. Houve alagamentos em várias cidades. Em Rio Grande e no Chuí as ruas foram tomadas pelas águas. Rio Grande teve 70 mm ou dois terços da média de chuva mensal em seis horas.



Nuvem arco acompanhou a chegada do temporal na tarde do dia 1º em São Borja – Renato Dorneles


Dia virou noite mais cedo em Ijuí com a chegada do temporal ontem – Fabiano Bernardes/Rádio Progresso

No Oeste os temporais vieram com vento e chuva forte a intensa, o que deixou cidades sem luz e com queda de árvores. Violento vendaval de 132 km/h atingiu Santa Rosa no começo da noite com registros de muitos estragos na cidade que ficou toda sem luz. Houve queda de grande número de árvores e dezenas de destelhamentos de residências em Santa Rosa. Vendavais trouxeram problemas em outras cidades do Norte e do Noroeste. O desabamento de um galpão causou a morte de 16 vacas no interior de Santo Cristo. Em Independência, a ERS 342 ficou interrompida no trecho em direção a Catuípe. Diversas árvores de grande porte caíram e obstruíram a rodovia. Em São Luiz Gonzaga, uma árvore caiu sobre um veículo, mas ninguém ficou ferido. No interior de São Luiz, a chuva no primeiro dia do ano chegou a 200 mm. Em Dezesseis de Novembro a chuva passou dos 200mm.  Na localidade de João de Castilhos a chuva alagou a estrada. O Rio Piraju, na ERS-168, subiu muito. Em Crissiumal, a chuva de até 230 mm da virada do ano causou alagamentos e chegou a derrubar cabeceira de ponte com arroios e córregos transbordando. Já em Três de Maio, dezenas de árvores caíram sobre rodovia.


Vendaval do primeiro dia do ano provocou queda de árvores em São Paulo das Missões – Douglas Mallmann

Na zona Norte de Porto Alegre, apenas em uma hora e meia choveu 25 mm na noite da quinta-feira, o que corresponde a um quarto da média de janeiro inteiro (100 mm). Já Caxias do Sul e região tiveram temporal com chuva forte e vento. Árvores caíram sobre rodovia em Bento Gonçalves. Em Caxias choveu mais de ou um terço da média de janeiro inteiro. Os temporais avançaram para o Litoral Norte, onde houve chuva forte com raios (foto abaixo de Bruno Saraiva em Torres) e alagamentos.


Choveu muito com temporais destrutivos de vento também na província argentina de Misiones, junto ao Noroeste do Rio Grande do Sul. De acordo com as autoridades, vários arroios e rios menores transbordaram. Estradas estão bloqueadas pela subida das águas em Misiones (imagem abaixo da rede TN). Muitas áreas estão alagadas pelas precipitações de 200/300 mm.


A MetSul Meteorologia alerta que a Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul vai enfrentar agora uma cheia do Rio Uruguai, o que já alertávamos há uma semana poderia ocorrer em razão dos grandes volumes que se previa para a Metade Oeste do Estado. Não será uma cheia grave nem tampouco histórica como a de junho e julho do ano passado, mas um quadro de enchente em pleno janeiro é raro na bacia do Uruguai. Somam-se os altos volumes de chuva de Misiones (Argentina) e do Oeste, Noroeste e Norte do Rio Grande do Sul, além do Oeste de Santa Catarina, para determinar a forte elevação do Uruguai. O rio já superou a cota de alerta hoje pela manhã e se aproxima da cota de evacuação na régua argentina que está em Porto Xavier.


Em Porto Mauá, a cheia suspendeu hoje a travessia das balsas. As balsas fazem a interligação entre Porto Mauá e a vizinha Alba Posse, na Argentina. A região teve mais de 170 mm de chuva em apenas dois dias. Áreas ribeirinhas já estão com alagamentos pela cheia (foto abaixo da Prefeitura). A travessia de balsa foi suspensa também em Porto Soberbo. O rio continuava subindo no começo da tarde. Na régua do lado argentino, ao meio-dia (hora local), estava em 9,15 metros em Porto Xavier. No pico da cheia histórica do inverno passado, no dia 29 de junho, o rio chegou a 15,90 metros em Porto Xavier.


A boa notícia em que não tem chuva intensa à vista de forma a agravar a cheia. O sol irá aparecer na maior parte do Estado neste fim de semana com nuvens esparsas, mas perto da divisa com Santa Catarina ainda haverá maior nebulosidade, sobretudo no sábado, com chance de chuva isolada. Os volumes, porém, não devem ser muito altos. A temperatura estará predominantemente agradável. A maior parte da costa gaúcha registrará a presença do sol durante este fim de semana, porém mais ao Norte do litoral são esperadas mais nuvens. Na primeira metade da semana que vem, o sol deverá predominar no Estado com o retorno do forte calor. Os temporais retornam na segunda metade da semana que vem com calor e umidade.