Frente fria derrubou árvores, postes, destelhou casas e causou falta de luz em cidades do Sul do Rio Grande do Sul | REPRODUÇÃO

A frente fria chegou ao Sul do Brasil com muito vento e rajadas que chegaram a 137 km/h no Planalto Sul Catarinense. Foram dois momentos de ventania, com ar quente e frio, por efeito de diferentes condições meteorológicas, mas atrelados à aproximação e à chegada de uma frente fria ao Sul do país que derrubou a temperatura e rompeu o bloqueio atmosférico que provocou dez dias com predomínio de marcas acima da média da época do ano. Mais de 400 mil pessoas estavam sem luz no final da segunda-feira no Rio Grande do Sul em razão do vento.

Gradiente de pressão entre centro de baixa pressão no Atlântico Sul e centro de alta pressão atmosférica no Norte da Argentuina traz vento nesta terça | METSUL

No primeiro momento da ventania, vento Norte quente e seco induzido por uma intensa corrente de jato em baixos níveis da atmosfera pré-frontal trouxe ar seco e quente que elevou a temperatura a mais de 32ºC na tarde da segunda-feira no Rio Grande do Sul. No segundo, vento forte acompanhou a passagem da frente fria e o ingresso de massa de ar frio com gradiente de pressão entre uma baixa pressão a Sudeste do Rio Grande do Sul e alta pressão associado ao ar polar no Nordeste da Argentina.

A corrente de jato trouxe vento Norte quente e seco durante a segunda-feira com rajadas no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Oeste do Paraná. Houve registro de vento Norte de até 70 km/h em Santa Maria, 79 km/h em Soledade e 99 km/h em São José dos Ausentes, no território gaúcho. Em Santa Catarina, no alto do Morro da Igreja (1.800 metros), a ventania do quadrante Norte pelo jato de baixos níveis atingiu 137 km/h.

Já a frente fria, ao avançar pelo Sul do Brasil, igualmente causou ventania. A troca rápida de massas de ar, de quente para fria, resultou em temporais com vendavais e ainda forte vento acompanhando o ingresso do ar frio. Pelotas foi uma das cidades mais atingidas pelo vendaval com rajadas perto de 100 km/h. A estação de Capão do Leão registrou vento de 98,3 km/h no temporal que causou queda de árvores e destelhamentos em Pelotas.

Em Rio Grande, durante toda a noite de ontem e a madrugada de hoje as equipes da Defesa Civil trabalharam na retirada de árvores caídas sobre ruas da cidade e no atendimento de casos de destelhamentos. Foram 14 casas destelhadas. Na Vila da Quintinha, família foi abrigada em casa de parentes depois que uma árvore caiu sobre sua residência destruindo o telhado. Ninguém se feriu. O vento de 90 km/h derrubou postes na Ilha dos Marinheiros, Maria dos Anjos e Banhado Silveira. Também foram registrados danos na sinalização vertical de trânsito em alguns pontos.

A chegada do sistema frontal provocou fortes a intensas rajadas de vento ainda em outras cidades gaúchas com 72 km/h em Uruguaiana, 73 km/h em Santa Rosa e Soledade e 81 km/h em Canguçu. Em Santana do Livramento do temporal, na fronteira com o Uruguai, a virada do tempo provocada pelo sistema frontal veio com abundante queda de granizo.

Em Porto Alegre, depois de um começo de noite com 27ºC às 20h, a frente fria chegou com chuva e vento de até 60 km/h entre 21h e 22h. Às 23h, a temperatura tinha caído para 17h. Na madrugada de hoje, à medida que o ar frio ingressava, o vento e a chuva seguiram na capital gaúcha com queda de temperatura.

O avanço do ar mais seco e frio vai melhorar o tempo no Rio Grande do Sul, apesar do começo de dia com chuva, vento e frio em várias regiões, inclusive a da Grande Porto Alegre. O tempo já abriu no Oeste, a partir da área de Uruguaiana, e vai abrir e melhorar no decorrer do dia na maioria das regiões do território gaúcho à medida que a instabilidade se afasta com o avanço do ar seco.

Por isso, o dia que começa com chuva nas Metade Norte e Leste depois terá melhora do tempo com o sol aparecendo com nuvens em muitas cidades à tarde, que será fria a amena com máximas muito inferiores à de ontem. Fará muito frio hoje à noite, quando ocorrem as mínimas do dia, antecedendo uma madrugada de quarta-feira de frio intenso e formação de geada em um grande número de municípios. Marcas negativas podem ser anotadas em pontos de maior altitude do Sul e do Nordeste gaúcho, além do Planalto Sul Catarinense.