Frente fria avançou nesta quinta-feira e levou chuva preta (com precipitação de fuligem junto com a água) a áreas que estavam cobertas de fumaças em quatro países da América do Sul, conforme apuração da MetSul Meteorologia a partir de relatos de seus colaboradores e informações de meios de imprensa locais.
Nas últimas horas, com o deslocamento do sistema frontal pelas latitudes médias da América do Sul que estavam cobertas por densa fumaça de queimadas, houve o registro de chuva preta em cidades do interior do Rio Grande do Sul.
Fotos e vídeos de chuva preta em grande quantidade foram vistos ainda de cidades do Norte do Uruguai, das províncias argentinas de Corrientes e Missiones, do Oeste de Santa Catarina, e ainda do Sul do Paraguai.
No Sul do Paraguai, na região de Itapúa, a combinação de nuvens carregadas pela chegada da frente e aa abundante quantidade de fumaça na atmosfera fez com que o dia virasse noite com escuridão perto do meio-dia.
De acordo com meios de imprensa do país vizinho, a chuva veio com temporal em que se deu a ocorrência de queda localizada de granizo em pontos do Sul do Paraguai, onde se formaram nuvens de maior desenvolvimento vertical.
A chuva garantiu uma melhora da qualidade do ar em superfície ao longo desta quinta em Porto Alegre e grande parte do interior do Rio Grande do Sul e em muitos locais a qualidade era considerada boa durante a tarde.
A melhora na qualidade do ar em superfície decorreu de dois fatores: chuva que tende a limpar a atmosfera de material particulado e mudança do vento para o quadrante Sul que trouxe ar limpo. Se por um lado ar mais frio e limpo chegou em camadas mais baixas da atmosfera com a frente fria, em camadas mais altas da atmosfera ainda se observava a presença de fumaça.
Ontem, Porto Alegre e grande parte do interior do Rio Grande do Sul experimentaram um dia absolutamente incomum de poluição para os padrões locais com enorme quantidade de fumaça junto à superfície, céu laranja e qualidade do ar ruim a muito ruim.
O que é chuva preta
Soot, ou fuligem, é um material particulado constituído principalmente de carbono, que se forma como resultado da combustão incompleta de materiais orgânicos, como combustíveis fósseis (carvão, petróleo) e biomassa (madeira, resíduos agrícolas).
Quando esses materiais não queimam completamente, em vez de se transformarem inteiramente em dióxido de carbono (CO₂) e vapor de água, eles produzem partículas finas de carbono negro e outros compostos. Essas partículas são extremamente pequenas, com diâmetros na escala de nanômetros a micrômetros, o que lhes permite permanecer suspensas no ar por longos períodos e viajar grandes distâncias.
Fuligem e a chuva preta estão intimamente relacionados. A chuva preta é um fenômeno que ocorre quando a fuligem e outras partículas contaminantes presentes na atmosfera se misturam com a umidade e precipitam sob a forma de chuva.
Esse tipo de chuva, que não necessariamente se precipita com cor preta, é indicativo de altos níveis de poluição, e geralmente é observada em locais próximos a áreas industriais, queimadas ou onde há intensa queima de combustíveis fósseis.
Quando as partículas de fuligem se misturam com a umidade nas nuvens, elas podem agir como núcleos de condensação, em torno dos quais as gotas de água se formam. Isso resulta em uma chuva contaminada com poluentes, que ao cair no solo pode afetar corpos d’água, solos e vegetação.
A chuva preta tem impactos visíveis no ambiente urbano. Ela pode deixar uma camada de sujeira nas superfícies, como prédios, veículos e infraestrutura, o que pode levar à degradação dos materiais e aumentar os custos de manutenção. A relação entre fuligem e chuva preta é um indicador preocupante dos níveis de poluição atmosférica em muitas partes do mundo.
Possibilidade de chuva preta segue com frente fria
Muitas nuvens persistem no Rio Grande do Sul nesta sexta-feira com a atuação de uma frente semi-estacionária e um centro de baixa pressão atmosférica. Chove no decorrer do dia na esmagadora maioria das cidades do estado. Pontos do Oeste podem não registrar precipitação. A chuva pode ser localmente forte com granizo isolado em setores do Norte e do Nordeste do estado.
Com fumaça ainda em níveis mais altos da atmosfera, permanece a probabilidade de chuva preta (com fuligem junto). A temperatura não muda muito e será outro dia ameno na maior parte das localidades e um pouco frio no Sul gaúcho.
Nesta sexta, há chance de chuva preta em diversas regiões catarinenses com exceção do Nordeste do estado que não deve ter precipitação. Pode cair chuva preta também no Sudoeste do Paraná. No fim de semana, com o avanço do sistema como frente fria, se espera chuva preta em muitas cidades catarinenses e paranaenses, além de pontos do Mato Grosso do Sul e São Paulo.
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