Um dos raios mais raros e altos do mundo foi registrado por um fotógrafo de Porto Rico, território norte-americano no Caribe, na última segunda-feira (20). A fotografia está sendo descrita como uma das mais incríveis já feitas até hoje dos raios em forma de jato gigante com bolas de fogo.

“Os relâmpagos na Terra estão ficando cada vez mais estranhos”, descreveu o cientista da NASA Tony Phillips que se dedica a acompanhar este tipo de fenômeno. O fotógrafo porto-riquenho Frankie Lucena apontou sua câmera Sony A7s para uma tempestade elétrica em alto mar e acabou obtendo o raro registro visual do fenômeno. “Este evento de plasma com jatos gigantes ocorreu durante uma tempestade muito poderosa perto das Ilhas Virgens, pouco antes da tempestade tropical Peter”, disse Lucena. “Eu não posso acreditar que fui capaz de capturar detalhes tão incríveis”, revelou-se espantado.

Às vezes chamados de “o relâmpago mais alto da Terra“, porque atingem a ionosfera a mais de 80 quilômetros de altura, as formas gigantescas de jatos luminosos foram descobertas perto de Taiwan e Porto Rico em 2001 e 2002. Desde então, apenas dezenas de jatos gigantescos na atmosfera tinham sido fotografados. “Eles parecem adorar tempestades sobre a água e são famosos por surpreender os passageiros a bordo de aeronaves comerciais”, esclarece Phillips.

Em 2017 e 2018, o cientista de raios Oscar van der Velde, da Universitat Politécnica de Catalunya, instalou câmeras de alta velocidade na costa Norte da Colômbia em uma pesquisa dedicada à captura de jatos gigantes. Em três meses de observação, ele conseguiu capturar apenas doze,

“Frankie fotografou um raro jato gigante com morfologia de ‘cenoura’, relatado pela primeira vez em um estudo publicado na Nature por Su et al (2003)“, observa van der Velde. “O outro tipo de jato mais comum tem uma morfologia de ‘árvore’.” Os “jatos de cenoura” são notáveis ​​por suas esferas internas, ou seja, bolas de luz brilhantes com centenas de metros de largura. Lucena registrou dezenas deles iluminando o meio do jato.

O processo de formação e a estrutura destas descargas atmosférica ainda não é compreendido totalmente pela ciência tal a raridade do fenômeno.” Eles podem ser fluxos de plasma dentro do jato se cruzando ou regiões de maior aquecimento”, afirma o pesquisador de descargas atmosférica da universidade catalã. “Não sabemos”, diz van der Velde. “Jatos gigantes não são facilmente captados por um espectrógrafo”, esclareceu o pesquisador “Este é o jato gigante mais brilhante que já vi. Foi realmente notável”, diz.

Raios raros no Rio Grande do Sul

Descargas atmosféricas raras que se formam acima das nuvens de tempestade e dificilmente são observadas já foram documentadas visualmente no Rio Grande do Sul. O fotógrafo de Torres Gabriel Zaparolli já registrou em imagens alguma vezes raios do tipo sprite na atmosfera sobre o município do Litoral Norte gaúcho.

Gabriel Zaparolli/Arquivo pessoal

Sprites são uma forma exótica de eletricidade que sobe a partir das nuvens de tempestade em vez de descer como um raio comum. Embora sprites tenham sido relatados por pelo menos um século, muitos cientistas não acreditavam que eles existiam até 1989, quando os sprites foram acidentalmente fotografados por pesquisadores da Universidade de Minnesota e confirmados por câmeras de vídeo a bordo do ônibus espacial da NASA. São Eventos Luminosos Transientes ou TLEs, do inglês Transient Luminous Events (TLEs), fenômenos atmosféricos observados acima de nuvens de tempestades em altitudes entre 18 e 100 quilômetros, associados a campos elétricos quase eletrostáticos produzidos por relâmpagos.

A física subjacente dos sprites ainda não é totalmente compreendida pela ciência. Alguns modelos afirmam que os raios cósmicos contribuem para que ocorram, criando caminhos condutores na atmosfera. Partículas subatômicas do espaço profundo atingiriam o topo da atmosfera da Terra, produzindo elétrons secundários que acionariam os raios para cima. Se isso for verdade, os sprites podem se multiplicar cada vez mais à medida que os raios cósmicos se intensificam com a decrescente atividade solar.