Formação de nuvem de característica lenticular foi observada na manhã desta quarta-feira (27) na região do Vale do Sinos, no setor Norte da região metropolitana de Porto Alegre. Os registros fotográficos foram feitos nos municípios de Novo Hamburgo e Ivoti, a primeira localidade do vale junto ao relevo da Serra e a segunda já no começo da subida da Serra Gaúcha. 

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Alexandre Pinto

As nuvens lenticulares se formam e se transformam continuamente num mesmo ponto à medida que o ar ascende na atmosfera sobre morro ou montanha, condensando-se e produzindo a nuvem. Por isso são comuns em áreas de relevo, em regiões de Serra ou montanhosas, ou próximas.

Estão assim, associadas, a ondas na atmosfera que se desenvolvem quando o ar relativamente estável ascende rapidamente ao encontrar uma barreira topográfica perpendicular à direção do vento soprando em altos níveis da atmosfera. As nuvens lenticulares são mais comuns no inverno porque o vento em níveis mais altos da atmosfera geralmente é mais forte. “O vento perturba a atmosfera e gera ondas que sobre áreas de relevo dão origem a este tipo de nebulosidade”, explica o meteorologista e especialista em Meteorologia aeronáutica da MetSul Luiz Fernando Nachtigall. 

Lenticulares são comuns em cadeias montanhosas | NOAA

Lenticulares no Monte Washington nos Estados Unidos | Mount Washington Observatory

Na história da ufologia, muitas vezes estas nuvens foram confundidas com discos voadores pelo seu aspecto semelhante com discos voadores, tanto que são conhecidas também como nuvens UFO (OVNI em Inglês).

As fotografias de hoje mostram que as nuvens lenticulares do Vale do Sinos não estavam em grande altitude, como é comum, mas em camadas mais baixas da atmosfera. Dados da sondagem do Aeroporto Salgado Filho das 9h de hoje (27) indicaram vento de até 54 nós (100 km/h) entre 1.500 e 1.700 metros de altitude. 

Sondagem por balão meteorológico das 9h de hoje em Porto Alegre mostrou atmosfera muito instável (linhas ascendentes próximas) e vento de 100 km/h entre 1.500 e 1.700 metros de altitude | University of Wyoming

O vento muito forte em partes mais baixas da atmosfera acompanhava uma potente corrente de jato (vento) em baixos níveis da atmosfera, que se origina da Bolívia e vem até o Rio Grande do Sul, transportando ar muito quente.

Modelo americano GFS mostrava potente corrente de jato (vento) em baixos níveis da atmosfera na manhã de hoje sobre o Nordeste gaúcho e a Grande Porto Alegre

Com a atmosfera bastante instável formando nuvens já cedo da manhã e o vento forte em baixa altitude, surgiram as condições para as nuvens de aspecto lenticular em camadas mais baixas da troposfera, explica Nachtigall.