Localidade de Western Cape, na África do Sul, foi arrasada por chuva extrema associada a um evento de cloudburst nesta semana | Municipalidade de George

Uma violenta tempestade de chuva atingiu nesta semana a municipalidade de George, em Western Cape, na África do Sul. A chuva extrema trouxe inundação repentina que resultou em danos em casas, fechamento de hospitais e clínicas, evacuação de pessoas, enchentes e caos no trânsito.

Os volumes de chuva foram de 106 mm em George, 144,6 mm em Witfontein, 63,6 mm em Knysna e 108 mm em Robertson’s Pass, perto de Mossel Bay. A chuva caiu em um intervalo de apenas uma hora. O Serviço de Meteorologia da África do Sul emitiu um alerta de inundação para a área, uma vez que fortes tempestades e chuva estão novamente previstas.

O Município de George pediu aos residentes que racionassem água para fins essenciais apenas, já que duas redes estouraram com a tempestade, o que levou o abastecimento de água para um nível crítico. Caminhões transportaram pacotes de comida, colchões, produtos de higiene, roupas, cobertores, fraldas, água engarrafada, lonas de plástico e ração para animais a fim de atender a população flagelada.

Meteorologistas da África do Sul descreveram o episódio de chuva extrema na área de Geirge como um cloudburst, ou em tradução livre a explosão de uma nuvem. Parte do país está sob alerta neste fim de semana por uma baixa pressão segregada (cut-off low) que passa pelo Sul do país neste sábado com vento muito intenso e aguaceiros entre o Sul e o Centro do território sul-africano. Amanhãm, o tempo severo persiste em locais mais a Leste da África do Sul.

O que é uma “explosão de nuvem”

Cloudburst ou “explosão da nuvem” é uma chuva abundante e repentina que ocorre em muito curto intervalo e numa pequena área. A chuva neste tipo de tempestade tem taxa igual ou superior a 100 mm por hora. Às vezes é acompanhada por granizo e trovões com inundação.

O termo “estouro da nuvem” foi cunhado a partir da noção de que as nuvens eram semelhantes a balões de água e podiam estourar, resultando em precipitação rápida. Embora essa ideia tenha sido refutada, o termo cloudburst continua em uso em vários países.

As tempestades deste tipo ocorrem quando corrente de ar quente ascendente é muito forte. Enquanto sobe, carrega consigo as gotas de chuva que caem. Como a chuva não cai, resulta em condensação excessiva nas nuvens, à medida que as novas gotas se formam e as gotas antigas são empurradas de volta para dentro da nuvem. A corrente de ar, então, diminui, resultando em uma violenta chuva localizada. Estas chuvas torrenciais podem ser perigosas e também fatais, pois têm a capacidade de provocar inundações repentinas em poucos minutos.

Cloudburst causou tragédia no Rio Grande do Sul

Um episódio muito conhecido de cloudburst no Rio Grande do Sul se deu em São Lourenço do Sul, em 10 de março de 2011. A chuva extrema fez o Arroio São Lourenço transbordar e a enxurrada devastou o município. Mais de 60% da cidade ficou debaixo d’água.

Ruas e casas foram destruídas, 20 pontes foram arrastadas e pelo menos 2,4 mil pessoas ficaram desalojadas. Outras 20 mil tiveram de deixar suas casas. Nove pessoas morreram. A cidade decretou estado de calamidade pública à época.

A água subiu em cerca de 15 minutos. Em algumas casas, o nível da água ultrapassou os telhados. A tragédia superou todas as marcas da inundação de 1941, que sobrevivia na memória local como a pior catástrofe natural da cidade.