Uma violenta corrente de vento descendente, fenômeno conhecido como downburst ou microexplosão atmosférica, acompanhou a tempestade severa que atingiu a cidade de Porto Alegre no final da tarde do dia último dia de março, na segunda-feira da semana passada.
É o que mostram imagens do radar meteorológico de Porto Alegre que acabam de ser divulgadas pela empresa fabricante na Europa, uma vez que as imagens do radar pertencente ao governo do estado seguem incompreensivemente sem ser tornadas públicas em tempo real à comunidade meteorológica e ao público mesmo com o equipamento em operação há vários meses.
A tempestade severa do final de março provocou vento de 111 km/h na estação da Força Aérea Brasileira instalada no Aeroporto Salgado Filho, mas é convicção da MetSul que as rajadas na área do Lago Guaíba e parte da cidade de Porto Alegre passaram de 120 km/h ou 130 km/h em alguns pontos, considerando os registros visuais e a extensão dos danos.
O temporal chegou a provocar a formação de uma tromba d´água, um tornado sobre massa d´água no Guaíba e deixou as águas do lago da capital revoltas pelo vento intenso que mais pareciam o do mar pela forte ondulação.
No perímetro urbano, o vento muito intenso chegou a provocar o tombamento de uma carreta na ponte do Guaíba e causou a queda de centenas de árvores, o que fez com que centenas de milhares de pessoas ficassem sem energia elétrica.
A tempestade severa com chuva torrencial que causou alagamentos e vento com força destrutiva se deu em dia de grande instabilidade atmosférica associada ao calor numa tarde em que a temperatura máxima chegou a 35ºC na capital antes da chegada da frente fria.
As imagens do radar meteorológico indicaram fortes correntes de vento descendentes associadas à microexplosão atmosférica com células convectivas de instabilidade que se formaram pelo calor e a umidade e convergiram na área de Porto Alegre, avançando de Noroeste para Sudeste.

METEOPRESS
Justamente por isso, os maiores impactos do vento destrutivo se deram na área do Guaíba, no Centro da cidade e bairros próximos e na zona Norte da capital com vento menos intenso no setor mais ao Sul da cidade.
Uma microexplosão atmosférica, também conhecida como downburst, é um fenômeno meteorológico caracterizado por uma intensa rajada descendente de vento que atinge a superfície e se espalha radialmente. Esse evento pode ser extremamente perigoso, causando danos semelhantes aos de tornados, mas com um padrão distinto.
Enquanto os tornados possuem um movimento rotacional, a microexplosão apresenta ventos retos e divergentes que se propagam de forma radial, entretanto tornado e microexplosão podem ocorrer simultaneamente, como se viu em Porto Alegre no dia 31.
O fenômeno da microexplosão (downburst) ocorre quando há uma forte corrente descendente dentro de uma nuvem de tempestade. O ar frio e denso desce rapidamente devido ao resfriamento causado pela evaporação da chuva ou pelo derretimento do granizo.
Ao atingir o solo, essa corrente se espalha violentamente em todas as direções, podendo gerar ventos superiores a 100 km/h e causar estragos significativos em um raio de poucos quilômetros.
Existem dois tipos principais de microexplosões: úmidas e secas. As úmidas ocorrem em tempestades com alta umidade, sendo acompanhadas por chuvas intensas, como foi o caso de Porto Alegre. Já as secas acontecem em regiões mais áridas, onde a precipitação pode evaporar antes de atingir o solo, tornando os ventos ainda mais traiçoeiros.
A MetSul Meteorologia está nos canais do WhatsApp. Inscreva-se aqui para ter acesso ao canal no aplicativo de mensagens e receber as previsões, alertas e informações sobre o que de mais importante ocorre no tempo e clima do Brasil e no mundo, com dados e informações exclusivos do nosso time de meteorologistas.